Fazer uma cirurgia plástica é um momento bastante importante na vida de uma pessoa. A decisão é grande não só por envolver uma operação e dinheiro, mas porque muitas vezes representa um sonho! A pergunta fundamental é: será que existe hora certa para dar esse passo?

Para o cirurgião plástico Marcelo Kolling, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), a paciente antes de tudo deve pensar em suas motivações pessoais. “Ela deve ter certeza de que está fazendo a cirurgia por razões próprias e não por pressão externa ou para atender a expectativas sociais”, considera o especialista. Isso respondido, há uma série de outros fatores que vamos elencar a seguir.

Há idade certa para fazer uma plástica?

Cirurgias plásticas devem ser feitas por adultos, ou seja, o ideal é que a paciente seja maior de 18 anos para passar pelo procedimento  existem exceções, porém, como a otoplastia, que pode ser feita a partir dos 5 a 6 anos de idade. Além disso, em alguns casos, adolescentes podem passar por cirurgias estéticas, desde que tenham a autorização dos pais e passem pela avaliação do cirurgião: “Ele geralmente analisa se a cirurgia é segura e apropriada para a paciente em questão, incluindo a classificação da maturidade física e emocional do paciente”, considera Kolling.

O ponto emocional é uma questão chave para o cirurgião plástico Luiz Maatz, especialista em Reconstrução Mamária pelo Hospital Sírio-Libanês (SP). “Há chance de frustração por expectativas não realistas, causadas pela personalidade ainda em formação da adolescente. É fundamental que a estrutura psicológica da paciente esteja preparada para encarar e aceitar a mudança de imagem que a cirurgia proporciona”, considera o especialista.

Nesses casos, é comum que o médico converse bastante tanto com o adolescente quanto com o responsável. “Eu costumo avaliar bem qual é a motivação dessa paciente”, conta a cirurgiã plástica Cintia Rios, membro da BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons). “Se aquilo está trazendo algum impacto principalmente social e psicológico para aquela pessoa que está ali, se há algum transtorno neste sentido ou algo impedindo de ter vida social, de ter convívio, de ter amigos, de estar feliz”, prossegue a especialista.

Além disso, os riscos e benefícios devem ser bem ponderados pelos pais e responsáveis. “Eles devem discutir cuidadosamente com o cirurgião plástico sobre isso antes de decidir se é apropriado para seu filho”, alerta Kolling.

O momento de vida deve ser levado em conta

Mesmo os adultos devem considerar como está seu momento de vida antes da operação. Afinal, alguns procedimentos, por exemplo, podem ter os resultados alterados com as mudanças pelas quais o corpo passa após uma gestação, por exemplo. Então, em relação a algumas cirurgias, se o desejo é de ser mãe, talvez seja melhor esperar.

“Todas as mulheres que querem ser mães devem esperar até que seus filhos tenham em torno de 6 meses e parado de mamar para fazer uma cirurgia. Antes disso nós temos alterações metabólicas e hormonais que podem levar a um riso maior do que benefício”, pondera Rios. Isso ocorre principalmente quando falamos de intervenções nos seios, que sofrem muitas mudanças com a amamentação.

Mas se você está em dúvida, agende uma consulta com um cirurgião e bata um papo com ele sobre o tema. “É importante discutir todas essas questões com o seu cirurgião plástico e avaliar cuidadosamente os riscos e benefícios antes de prosseguir com a cirurgia. O médico também pode oferecer orientações sobre o momento ideal para a cirurgia em relação aos seus planos de engravidar”, orienta Kolling.

Já após a maternidade, também há muitas mulheres que desejam recuperar o corpo anterior e contam com cirurgias para isso. “São procedimentos focados na região abdominal e das mamas, como lipoaspiração, abdominoplastia e mastopexia”, enumera o cirurgião Maatz. Ele explica que são mulheres que passaram por grandes alterações físicas após o puerpério e não conseguiram retornar ao corpo anterior mesmo com dieta e exercícios, além disso, elas normalmente não pretendem ter mais filhos.

A saúde deve ser levada em conta

Durante a conversa pré-operatória, o histórico de saúde também será levantado pelo seu cirurgião. “Ao consultar um cirurgião plástico, é essencial fornecer um histórico médico completo e preciso. Isso ajudará o cirurgião a avaliar sua saúde geral, determinar se você é uma boa candidata para a cirurgia e reduzir o risco de complicações”, enumera Kolling.

O cirurgião elaborou uma lista do que é importante passar para seu médico:

  • Histórico médico: inclua informações sobre doenças crônicas, como diabetes, hipertensão arterial, doenças cardíacas, problemas respiratórios, problemas renais ou hepáticos e outras questões de saúde que você possa ter. Informe também se já foi hospitalizado, submetido a cirurgias prévias e se já teve alguma reação a anestesia.
  • Medicamentos em uso: forneça uma lista completa dos medicamentos que você está tomando atualmente, incluindo os de venda livre, suplementos e vitaminas.
  • Alergias: informe ao cirurgião se você tem alergias conhecidas a medicamentos, alimentos ou outras substâncias.

Seja honesta sobre tudo isso: “lembre-se que o histórico médico é confidencial e será usado apenas para avaliar sua saúde e determinar se você é um bom candidato para a cirurgia plástica”, reforça o especialista.

Isso tudo é bastante importante pois a cirurgia plástica não deixa de ser uma intervenção no seu corpo que exige um tempo de recuperação. Isso vale inclusive para cirurgias relacionadas a problemas de saúde anteriores, como colocação de implante de silicone após a retirada da mama com câncer, se a paciente não optar por fazer a colocação na mesma cirurgia. “O tempo de espera necessário varia de acordo com a extensão da cirurgia e a condição do tecido mamário. Em alguns casos, pode ser necessário esperar vários meses ou até um ano para que a mama se recupere completamente antes de colocar um implante. Além disso, a paciente pode precisar passar por outros tratamentos, como radioterapia, antes de colocar o implante”, considera Kolling.

A melhor data para marcar sua cirurgia

Por fim, se a saúde está em dia, o emocional equilibrado e as expectativas estão bem calibradas, é a hora de levar em conta a melhor época para marcar a data da operação. Nesse momento, é preciso pensar no tempo que você precisará para o pós-operatório. “Se você trabalha ou estuda, o ideal é fazer o procedimento nas férias, por exemplo. O mais importante é ter certeza de que você poderá seguir as recomendações médicas no pós-operatório”, considera Maatz.

Kolling enumera alguns pontos para levar em conta ao fazer uma cirurgia:

  • Tempo de recuperação: é importante que você planeje um período adequado para a recuperação após a cirurgia. Dependendo do tipo de cirurgia plástica, pode ser necessário alguns dias ou várias semanas de repouso, bem como evitar atividades físicas intensas.
  • Ajuda pós-operatória: você pode precisar de ajuda para as tarefas diárias enquanto se recupera da cirurgia, como cuidados pessoais, limpeza da casa, preparação de refeições e transporte.
  • Medicação: certifique-se de seguir as instruções do seu cirurgião plástico sobre medicamentos prescritos antes e depois da cirurgia. Além disso, você deve evitar tomar aspirina ou outros medicamentos que possam aumentar o risco de sangramento.

Levando tudo isso em conta, ainda tem gente que considera a época do ano. “O inverno é bom para cirurgias pois a exposição ao sol é menor, é menos calor, e um período de férias escolares”, considera a cirurgiã Beatriz Lassance, membro titular da SBCP, da ISAPS e da American Society of Plastic Surgery (ASPS).

Não é obrigatório, é claro, mas Maatz enumera algumas vantagens dessa época, como:

  • Cinta modeladora: quando a plástica é feita em áreas como barriga, costas, bumbum ou pernas, o uso da cinta elástica pós-cirurgia é fundamental, pois age comprimindo a região operada, diminuindo o inchaço e proporcionando uma recuperação mais rápida. Obviamente que no frio, o uso da cinta é mais agradável do que no calor, já que as pessoas transpiram menos. Além disso, as roupas que usamos neste período escondem melhor a cinta.
  • Inchaço: o calor aumenta o inchaço na região operada, especialmente para quem tem propensão à retenção de líquidos. O frio provoca uma contração dos vasos sanguíneos, proporcionando a redução de inchaços, edemas e sangramento interno do ferimento.
  • Cicatrização: o sol é prejudicial ao processo, pois após a cirurgia, é comum o aparecimento de hematomas, e se as regiões submetidas à plástica forem expostas ao sol, eles podem se tornar manchas permanentes. O ideal é não tomar sol por, ao menos, dois meses após a cirurgia.

Lassance lembra outro erro comum: marcar a cirurgia próxima a algum evento importante, como casamento, festa ou viagem. “Alguns pacientes têm um período de recuperação mais longo, com edema mais prolongado ou equimoses (manchas roxas) que se torna um estresse nessas ocasiões”, explica a especialista.

Outro fator importante é se a paciente está em processo de alteração de peso. “A variação de peso no pós-operatório sempre compromete o resultado. Situação bem evidente após lipoaspiração, se a paciente ganha peso após a cirurgia pode haver irregularidades, já que se forma uma cicatriz interna onde foi lipoaspirado, que não expande com o ganho de peso, e a superfície deixa de ser lisa”, explica a cirurgiã plástica.

Bastante coisa para levar em conta, não é mesmo? Mas estando tudo planejado direitinho, é só marcar a data e aproveitar o resultado. Boa cirurgia!

 

Fonte: Dicas de Mulher