A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, liberou nesta segunda-feira (25/9), a venda no Brasil do Mounjaro (tirzepatida. O medicamento da farmacêutica Eli Lilly é uma injeção semanal que melhora o controle da taxa de açúcar no sangue de pacientes adultos. O Mounjaro é um remédio parecido com o Ozempic (semaglutida), com indicação para o tratamento da diabetes tipo 2, mas que ajuda no processo de emagrecimento.
O médico pós-graduado em endocrinologia e metabologia da clínica Tivolly, Bruno Babetto, explica que ambos os medicamentos melhoram os níveis de açúcar no sangue o que reduz o apetite e com isso, consequentemente ajuda no emagrecimento. Abaixo o especialista explica a diferença entre os medicamentos.
– O que uma pessoa precisa saber antes de começar a tomar Ozempic (substância ativa semaglutida) ou Mounjaro (substância ativa tirzepartida)?
Ambos não são medicações mágicas para a perda de peso. Ozempic e Mounjaro são remédios que facilitam a perda de peso e auxiliam na manutenção de hábitos saudáveis, mas não produzem perda de peso por conta própria.Eles devem ser combinados com outras táticas para apoiar a saúde metabólica, tais como, modificações no que você come, como e quando você se exercita, ter um sono adequado, procurar ter uma saúde emocional equilibrada e outras mudanças no estilo de vida saudável.
– Quais as diferenças entre os dois medicamentos?
Ozempic e Mounjaro são medicamentos promissores não apenas para melhorar a saúde metabólica, reduzir a hemoglobina glicada e ajudar na perda de peso –dados também mostram que eles podem reduzir a probabilidade de eventos cardiovasculares, como ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, e melhorar os resultados cardiovasculares em geral. O Ozempic é um medicamento para a diabetes utilizado, em conjunto com dieta e exercício, no tratamento de adultos cuja diabetes tipo 2 não se encontra satisfatoriamente controlada. A medicação não foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) especificamente para emagrecer, em pacientes que não têm diabetes. Na prática, os endocrinologistas têm prescritos a semaglutida também para tratar pacientes com sobrepeso ou obesidade – uma doença crônica que abre portas para vários outros problemas, como pressão alta, diabetes, colesterol e triglicérides altos, gordura no fígado, doenças cardíacas, apneia do sono e câncer. De fato, estudos concluíram que o Ozempic levou a uma redução de até 15% do peso corporal de pacientes com sobrepeso e obesidade, ao longo de um ano e meio. Já o Mounjaro (tirzepatida) é uma caneta injetável aplicada 1 vez por semana, com 6 diferentes níveis) foi criada para tratar o diabetes tipo 2. No entanto, pesquisas recentes evidenciam excelentes resultados para o tratamento da obesidade. Quando comemos, nossos corpos liberam dois hormônios: GIP e GLP-1 dizem ao nosso pâncreas para liberar insulina e nos ajudar a sentir saciedade. Assim, esses hormônios nos ajudam a digerir os alimentos corretamente e mantêm nosso açúcar no sangue (glicose) estável. E é aí que a Tirzepatida pode ajudar, pois ela imita o que GIP e GLP-1 fazem naturalmente no nosso corpo, contribuindo com a sensação de saciedade e consequente perda de peso. Um estudo internacional sobre a Tirzepatida publicado em junho de 2022 na revista médica New England Journal of Medicine apresentou resultados bastante animadores para a sociedade médica. Como conclusão, além de porcentagens médias de perda de peso bastante satisfatórias, foi observado que mais de um terço dos pacientes, cerca de 36,2%, em uso da dose máxima de Tirzepatida por 72 semanas apresentaram perda de peso equivalente ou maior que 25%. Ou seja, perda de peso muito próxima daquela obtida somente com a cirurgia bariátrica, um procedimento comparativamente mais invasivo e que pode acarretar riscos inerentes a qualquer cirurgia. Tais resultados nunca foram anteriormente observados com outras medicações para tratamento da obesidade.
– Quais os riscos de fazer o uso desses medicamentos sem necessidade clínica?
É muito importante a prescrição e indicação médicas com relação ao uso dos medicamentos. O Ozempic, por exemplo, tem pessoas alérgicas à semaglutida e outras substâncias contidas na medicação, além de possíveis efeitos colaterais adversos (ainda que na ordem de 10%) como diarréia, vômitos e enjôos.
Fonte: Divulgação