O sorotipo 3 da doença foi identificado em Votuporanga, no interior de SP. Por ser menos frequente, especialistas temem risco de epidemia

Quatro novos casos de dengue do sorotipo 3 foram registrados em Votuporanga, município de São Paulo. Essa é a terceira vez que o sorotipo 3 é registrado no Brasil neste ano, sendo que nos últimos 15 anos não ocorreram casos.

As pessoas infectadas são três mulheres com 31, 34 e 46 anos, além de uma menina de cinco anos. A pesquisa genética do vírus foi feita após os médicos suspeitarem que os sintomas de dengue enfrentados por elas estavam mais intensos do que os habituais.

“Chamou a atenção por conta da intensidade dos sintomas clássicos da doença, como febre, vômito, dor e manchas vermelhas pelo corpo, além de sangramento nasal e pela urina”, afirmou a Secretaria de Saúde de Votuporanga em nota. Até o momento, já foram registrados 876 casos de dengue no município e 98 seguem em investigação.

De acordo com a Fiocruz, a variante do genótipo 3 do vírus não é a mesma que circulou no Brasil anteriormente, mas é de uma linhagem que circula na América Central e tem causado infecções em outros países, incluindo o sul dos Estados Unidos.

“O retorno da doença é um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, explica o virologista Felipe Naveca, chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia.

Sorotipos da dengue

O vírus da dengue possui quatro sorotipos, todos transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. A infecção gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se a pessoa for infectada por outro sorotipo do vírus.

O risco de uma epidemia no Brasil com o retorno do sorotipo 3, como afirma Naveca, ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias.

Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.

 

Fonte: Metrópoles