Nutrólogo explica como a saúde intestinal está relacionada aos processos inflamatórios e ao funcionamento do sistema imunológico
O crescimento dos diagnósticos de doenças autoimunes vem chamando a atenção no mundo inteiro. Os principais fatores associados ao desenvolvimento dessas patologias são as predisposições genéticas, os fatores ambientais e a disbiose e permeabilidade intestinal.
“Apesar de ainda não ser possível esclarecer todos os mecanismos envolvidos neste processo, está cada vez mais evidente que a saúde intestinal interfere diretamente no gatilho para o desenvolvimento de doenças em geral, especialmente, as autoimunes”, afirma o nutrólogo Mateu Drumond.
Segundo o médico, quando estamos doentes, a permeabilidade do revestimento do epitélio intestinal fica comprometida, o que possibilita a passagem de toxinas, antígenos e bactérias do lúmen para a corrente sanguínea, criando o chamado “intestino que vaza”.
Em pessoas com predisposição genética, um intestino com alta permeabilidade permite a ativação de processos inflamatórios e a produção de moduladores do sistema imunológico. O efeito resulta em um auto-mecanismo de defesa, capaz de elevar todas as reações imunológicas.
Sintomas
Os sintomas apresentados vão depender da patologia do paciente. A Tireoidite de Hashimoto, por exemplo, é uma doença benigna autoimune. Ou seja, o organismo produz anticorpos contra a glândula tireoide, causando um processo inflamatório, destrutivo para as próprias células tireoidianas. Geralmente, a condição não provoca dor, ainda que em alguns pacientes há relato de desconforto na região do pescoço.
“Os sintomas se manifestam, acima de tudo, devido à redução no funcionamento da glândula, o que leva ao hipotireoidismo. Entre eles estão o bócio (crescimento da tireóide), pele seca, fadiga e sonolência, depressão, cabelos e unhas fracas, falhas de memória e outros casos de déficit cognitivo, irregularidade menstrual e diminuição da libido”, diz o médico.
Já as dermatites autoimunes, que são alterações cutâneas sem uma razão aparente, estão relacionadas também com autoimunidade. “O mecanismo da doença é o mesmo. Isto é, um fator genético que é ativado com um estilo de vida que desencadeia uma alta permeabilidade intestinal com o consumo regular de alimentos inflamatórios como glúten, lácteos e açúcar”, diz Mateus.
Prevenção da saúde do intestino
Segundo o nutrólogo, para prevenir doenças autoimunes a recomendação é evitar glúten, proteína que existe na cevada, na farinha de trigo, no centeio e, às vezes, na aveia contaminada. Além disso, deve-se também excluir da dieta alimentos alergênicos, retirando outros gatilhos como álcool, café, ultraprocessados, sal em excesso, agrotóxicos, óleos ricos em ômega 6, leite de vaca e derivados por conta da caseína.
O especialista recomenda ainda diminuir o consumo de carne vermelha e, quando necessário, realizar-se um protocolo de 2 a 8 semanas de dieta low FODMAPS (restrição global do consumo de todos os carboidratos fermentáveis), além de impulsionar o processo de digestão.
“Avalia-se as melhores condutas quanto ao manejo do estresse, do sono, da atividade física, da forma como se nutre e digere as emoções, uma vez que a psicossomática intestinal está intimamente ligada às emoções, mente e espírito”, lembra o especialista.
Fonte: Metrópoles