Minutos após Flávio Dino ser aprovado ao STF pela CCJ do Senado, Sergio Moro foi flagrado recebendo conselhos pelo WhatsApp de um contato que, no celular do ex-juiz, estava apelidado de “Mestrão”. Uma das mensagens alertava que “o coro está comendo nas redes” e afirmava que um vídeo declarando voto favorável ao ministro da Justiça complicaria o futuro do senador.

Mas, afinal, quem é o interlocutor de Moro?

Trata-se de Rafael Travassos Magalhães, que trabalha no gabinete do ex-juiz da Lava-Jato e, antes, foi funcionário do deputado estadual Ricardo Arruda, no Paraná. No estado, Rafael é mencionado numa investigação por suspeita de “rachadinha”. De acordo com o portal do Senado, Magalhães está com cargo ativo junto a Moro e recebeu salário de R$ 7,1 mil em novembro.

Desde os tempos em que trabalhava com Arruda, Magalhães já era conhecido como “Mestrão”. Por chamar todo mundo de “mestre”, o assessor parlamentar passou a carregar também o apelido, no aumentativo. Moro não é o único que salvou o contato de Magalhães como “Mestrão”: outros colegas e ex-colegas de trabalho fizeram o mesmo.

Citado pelo MP do Paraná numa lista de “operações financeiras suspeitas” na equipe de Arruda, Rafael, o Mestrão de Moro, teria feito, de acordo com dados do Coaf, saques em espécie, correspondentes a 70% do rendimento que tinha quando estava lotado na Corregedoria da Assembleia Legislativa do Paraná, a Alep, chefiada por Arruda. As movimentações teriam envolvido valores repetitivos, com indícios de fracionamento, sempre em datas próximas ao final de cada mês.

A propósito, Arruda foi às redes ontem comentar a conversa de Moro com o ex-assessor. Na legenda, escreveu: “A verdade sempre aparece! Vergonha!! Traidor!!”

Procurada, a assessoria de Moro disse em nota que “a pessoa em questão, sem ter informação do voto do senador Sergio Moro, fez a sugestão somente porque distorceram o posicionamento do parlamentar nas redes após cumprimento ao ministro Dino. Em resposta, o senador disse que iria manter o sigilo do voto, que é um instrumento de proteção contra retaliação”.

 

 

Fonte: Globo.com