IBGE registrou alta dos preços de alimentos em fevereiro. Lula convocou ministros para debater aumentos em encontro no Palácio do Planalto.
Os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Carlos Fávaro (Agricultura) atribuíram nesta quinta-feira (14) a questões climáticas a alta no preço dos alimentos. E afirmaram que o governo espera uma redução nos próximos meses.
Os ministros deram as declarações após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto, em Brasília. A audiência – que contou com a participação do ministro Fernando Haddad (Fazenda), foi convocada pelo petista para debater o aumento nos preços dos alimentos.
Alimentação e bebida foi um dos grupos cujos preços subiram em fevereiro, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação geral do país foi de 0,83% em fevereiro.
“O presidente chamou a equipe de ministros para discutir essa alta de alimentos ocorrida no final do ano porque, de fato, é uma preocupação do presidente que a comida chegue barata na mesa do povo. Todas as evidências é de que já baixou [o preço], teve uma diminuição de preço ao produtor e terá uma diminuição ainda maior de preços ao produtor. Esse aumento ocorreu em função de questões climáticas”, afirmou Paulo Teixeira.
O titular do Desenvolvimento Agrário citou as altas temperaturas no Centro-Oeste e as enchentes no Sul como exemplo de questões climáticas que afetaram a produção de alimentos, com impacto nos preços.
Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o arroz, por exemplo, teve queda no preço pago aos produtores de R$ 120 para cerca de R$ 100 por saca, por isso.
O governo espera que essa redução chegue até o consumidor final, nas gôndolas dos supermercados. O titular da Agricultura diz acreditar que em abril será possível perceber a queda dos preços.
“A gente espera que, com o caminhar da colheita de arroz, que chegamos a 50%, 60% nos próximos dias, que esse preço ainda ceda um pouco mais, que é a tendência natural. Mas reforçar que é importante que os atacadistas repassem estes preços ao consumidor”, disse Fávaro.
Os ministros também informaram que o governo adotará medidas por meio do Plano Safra, que será lançado no meio deste ano, para incentivar a produção de arroz, feijão, trigo, milho e mandioca perto de centros consumidores.
Para Fávaro, é importante incentivar a produção de alimentos como o arroz no Centro-Oeste e no Nordeste, já que o Sul concentra a maior parte da produção nacional.
“Quando a gente estimula o plantio de segunda safra no Centro-Oeste a gente está incentivando a ter arroz perto destes centros consumidores. Esse papel vai caber a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)”, explicou.
Presidente da Conab, Edegar Pretto afirmou que o órgão garantirá renda aos produtores que decidirem cultivar arroz, feijão, mandioca e hortaliças. O governo já voltou a comprar milho para auxiliar no balizamento de preços.
Fávaro também destacou que, se as medidas não puxarem os preços para baixo, o governo poderá “tomar outras medidas” que serão estudadas pela equipe econômica.
Encontros de Lula com o agro
Fávaro ainda confirmou que Lula terá encontros com representantes de setores do agronegócio, entre os quais, os que produzem frutas, carne bovina, algodão, café e celulose.
“Tem, está fechando agenda. São cinco setores que querem se reunir com ele [Lula], querem trazer novidades, fazer algum pleito”, disse o ministro da Agricultura.
Lula pretende realizar essas reuniões a cada 15 dias na Granja do Torto – casa de campo que a Presidência da República mantém em Brasília – para tentar se aproximar do agronegócio, conforme informou o blog da jornalista Julia Dualibi.
O primeiro encontro, uma reunião de trabalho seguida de churrasco, deve ocorrer na semana que vem com o setor de fruticultura e produção de sucos.
Uma parcela considerável do agronegócio se engajou no apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Empresários do setor, inclusive, são suspeitos de financiar manifestações de caráter golpista, como a do dia 08 de janeiro de 2023..
Batata, frutas, leite e arroz mais caros
Conforme o IBGE, a alimentação no domicílio teve nova alta forte (1,12%), por influência das temperaturas mais elevadas neste início de ano e um maior volume de chuvas que prejudica a safra de produtos.
No contexto mais complexo de colheita, subiram os preços da cebola (7,37%), da batata-inglesa (6,79%), das frutas (3,74%), do arroz (3,69%). O aumento do leite longa vida também é destaque (3,49%).
Houve, porém, uma desaceleração no subgrupo Alimentação no domicílio em relação ao mês anterior, quando havia subido 1,81%.
Fonte: Globo.com