O sangramento no cérebro costuma acontecer após quedas ou ferimentos traumáticos
A hemorragia intracraniana, ou hemorragia cerebral, é um tipo de sangramento que ocorre na cabeça. De acordo com a Cleveland Clinic, a condição costuma acontecer após quedas ou ferimentos traumáticos, sendo comuns, também, em pessoas com pressão alta não controlada.
Segundo a clínica, entre as principais causas de uma hemorragia cerebral incluem traumatismo craniano (queda, acidente de carro, lesão esportiva, entre outros), aterosclerose (acúmulo de gordura nas artérias), coágulos sanguíneos, aneurismas cerebrais, malformação entre artérias e veias, acúmulo de proteína nas paredes das artérias do cérebro, e tumor cerebral.
De acordo com Reynaldo Brandt, neurocirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein, as hemorragias intracranianas podem acontecer semanas ou meses após um trauma craniano, principalmente em pessoas idosas. “Isso se deve ao fato de haver maior fragilidade de vasos sanguíneos cerebrais e maior espaço dentro do crânio, com a redução do volume cerebral, permitindo um deslocamento de cérebro consequente ao trauma, por mecanismos de desaceleração das estruturas nervosas”, explica à CNN.
Tipos de hemorragia intracraniana
O cérebro possui três camadas de membranas, chamadas meninges: a dura-máter, aracnoide e a pia-máter. Elas servem para cobrir e proteger o cérebro.
Segundo a Cleveland Clinic, existem diferentes tipos de hemorragias no cérebro, caracterizados pelas áreas principais de sangramento: dentro do crânio, mas fora do tecido cerebral; e dentro do tecido cerebral. No primeiro caso, os principais tipos de hemorragias são:
- Sangramento epidural: ocorre entre o osso do crânio e a camada mais externa da membrana do cérebro, chamada dura-máter;
- Sangramento subdural: ocorre entre a dura-máter e a membrana aracnoide do cérebro;
- Sangramento subaracnóideo: ocorre entre a membrana aracnoide e a pia-máter.
No caso das hemorragias que acontecem dentro do próprio tecido cerebral, existem:
- Hemorragia intracerebral: ocorre nos lobos, tronco cerebral e cerebelo do cérebro; acontece em qualquer lugar dentro do próprio tecido cerebral;
- Hemorragia intraventricular: ocorre nos ventrículos do cérebro, que são áreas específicas do cérebro (cavidades), onde o corpo produz líquido cefalorraquidiano (que protege o cérebro e a medula espinhal).
Sinais e sintomas de hemorragia intracraniana
Segundo Brandt, os principais sintomas de uma hemorragia intracraniana são:
- Dor de cabeça;
- Mal-estar;
- Alterações visuais;
- Sonolência;
- Náuseas e vômitos.
“[Os sintomas] Podem vir acompanhados de perda de movimentos, força e sensibilidade em partes do corpo”, explica o especialista.
Como o sangramento é identificado e como é tratado?
A detecção de hemorragias cerebrais é simples e fácil, segundo Brandt. Isso porque exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, são capazes de fazer a detecção.
Uma vez identificado, o sangramento pode ser tratado com a retirada do sangue no local onde ele está coagulado.
“Se for no espaço meníngeo e se o hematoma já estiver liquefeito, o tratamento pode ser feito por meio de uma trepanação e drenagem do líquido sanguinolento. Se o hematoma ainda for sólido e se manifestar antes de se liquefazer, pode ser necessária uma craniotomia, com abertura maior do osso do crânio, para abordar e retirar o coágulo sanguíneo”, explica Brandt.
“Quando o sangramento é pequeno e sem manifestação clínica, pode-se optar por observar a sua evolução, com exames periódicos por imagens; caso o organismo consiga reabsorver o coágulo espontaneamente, não há necessidade de se intervir; caso contrário, havendo evolução com aumento do hematoma, o tratamento cirúrgico se torna necessário”, completa.
O neurocirurgião explica que o risco de sequelas é maior nos casos de hematomas dentro do tecido cerebral. Em quadros de hematomas subdurais, pode haver compressão do cérebro e, uma vez drenados, costumam levar à recuperação completa.
“O prognóstico depende da existência ou não de comprometimento de funções cerebrais e sua intensidade. Os hematomas subdurais habitualmente evoluem muito bem após o tratamento cirúrgico. No caso de hematomas intracerebrais, a evolução depende do grau e intensidade do quadro neurológico antes do tratamento”, afirma.
De acordo com Júlio Pereira, neurocirurgião no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e no Hospital Sírio-Libanês, a recuperação de cirurgias para o tratamento de hemorragias intracranianas costuma ser tranquila.
“O surgimento de sequelas pode depender do tamanho e da localização da hemorragia, se tiver alguma compressão em alguma região do cérebro, se o paciente já tiver algum déficit. De um modo geral, ele recupera, mas sempre tem um risco de recoleção [quando o sangramento volta mesmo após a drenagem]”, afirma.
Fonte: CNN Brasil