Na terça-feira (14), pela primeira vez em 20 meses, o dólar fechou abaixo de R$ 3,10. A moeda chegou ao fim do dia cotada a R$ 3,096.
O dólar mais baixo está ajudando a derrubar o preço de alguns alimentos. Como muitos produtos têm preço cotado no mercado internacional, a reação vem em cadeia: o milho e o trigo já sentem a influência do câmbio, mas o efeito do dólar mais barato ainda não chegou aos derivados. O consumidor está de olho.
O dólar começou a subir em 2015 por conta da piora nas contas públicas. No segundo semestre de 2015, o Brasil perdeu o selo de bom pagador que tinha sido conferido pelas agências de classificação de risco.
Com isso, a moeda americana disparou: chegou à casa dos R$ 4 no começo do ano passado. Agora, despencou. Na terça-feira (14), o dolár fechou na menor cotação desde julho de 2015 – R$ 3,096.
CENA POLÍTICA FAVORÁVEL
O dólar operava em queda nesta quarta-feira, indo ao patamar de 3,07 reais, com o investidor mais aliviado diante da cena política brasileira e expectativas de ingresso de recursos externos. O Banco Central fará novo leilão de swaps tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem dos vencimentos de março.
Às 10:35, o dólar recuava 0,56 por cento, a 3,0788 reais na venda, depois de ter fechado na véspera abaixo de 3,10 reais pela primeira vez em mais de um ano e meio. No meio do dia, a moeda norte-americana já havia ido a 3,0763 reais, menor patamar intradia desde 24 de junho de 2015 (3,0617 reais). O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,25 por cento.
“A expectativa de avanço em reformas estruturais, principalmente a da Previdência,… dava suporte para o otimismo”, resumiu a Advanced Corretora em relatório a clientes.
Após o fechamento do pregão passado, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, devolvendo a prerrogativa de foro ao peemedebista, que já foi citado em delações na operação Lava Jato.
A decisão foi vista pelo mercado como demonstração de força do governo do presidente Michel Temer e que pode facilitar a aprovação de importantes reformas, como a da Previdência, tida como essencial para colocar as contas públicas do país em ordem.
Ajudava também no movimento de queda do dólar as expectativas de entradas de recursos no país, seja para aproveitar as taxas de juros domésticas ainda elevadas, apesar das expectativas de mais cortes pelo BC, seja via captações ou aberturas de capital.
Na véspera, acionistas da Log Commercial Properties, unidade de gestão de espaços comerciais da construtora e incorporadora MRV aprovaram que a companhia peça registro para uma oferta inicial de ações.
“O real ainda está caro. Ninguém vai comprar agora sabendo que pode pagar mais barato”, avaliou o gestor do departamento de Câmbio da corretora Gradual Investimentos, Hamilton Bernal.
Os investidores, no entanto, não tiravam o olho do exterior, onde o dólar subia ante uma cesta de moedas depois que a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, sinalizou na véspera mais aumentos de juros nos Estados Unidos. Ela falará novamente nesta quarta-feira.
O BC realiza nesta sessão o segundo leilão de até 6 mil swaps tradicionais, reforçando a leitura de que deve rolar apenas parcialmente o vencimento de quase 7 bilhões de reais de março.
Créditos: Reuters Brasil