Os pais devem dar um bom exemplo e reforçar questões como economia, empreendedorismo, orçamentos e limitações
Segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), quase 58% das famílias brasileiras estão endividadas, 23,7% com dívidas em atraso, e 10% das famílias já informaram que não têm como pagar as dívidas. Esse é o exemplo que os pais estão dando aos seus filhos. Já que as crianças absorvem e imitam as condutas das pessoas em sua volta, é preciso algumas mudanças nesse cenário para evitar que isso se repita nas próximas gerações.
João Pessine, Planejador Financeiro Familiar, dá 5 dicas de lições e atividades que podem ser realizadas desde cedo para que os jovens aprendam a planejar as suas finanças.
Dica 1 – Cofrinho (a partir de 3 a 5 anos)
O cofrinho visa ensinar a criança, desde muito cedo, que se ela realmente quer algo, é preciso guardar dinheiro para depois realizar a compra. A lição é mostrar como é importante esperar para se conseguir o que quer. “Uma boa atividade é dar um cofrinho e perguntar ao seu filho o que ele realmente quer comprar. Você deposita, junto a ele, uma pequena quantia dentro de uma periodicidade constante, todo dia ou uma vez por semana, por exemplo. Se ele quiser comprar algo antes de alcançar a quantia desejada, ele terá que começar a guardar do zero, e esperar ainda mais para comprar o que deseja”, explica João.
Dica 2 – Fazendo escolhas (entre 6 a 10 anos)
Demonstre ao seu filho que o dinheiro é finito e por isso devemos escolher onde gastar. Uma sugestão é começar a incluí-lo em pequenas decisões financeiras da família, como as compras de supermercado. “Pergunte o que ele quer e dê a ele um valor que não cubra todos os desejos dele. Ajude-o a encontrar os produtos e quando for pagar mostre que não é possível levar tudo. Agora é hora de trabalhar noções de troca e escolha. Faça com que ele se pergunte quais itens são mais importantes. Sugira mudanças nas marcas, com preços menores, ou até a retirada de algum item”, reforça.
Dica 3 – Importância do trabalho (entre 6 a 10 anos)
Enalteça a importância de a criança ganhar o seu próprio dinheiro e aprender, a partir de uma prática empreendedora, alguns valores importantes para a vida profissional. “Comprar frutas e vender o suco é uma excelente atividade. A criança entenderá que deve realizar um trabalho, no caso espremer ou bater as frutas, e que por isso, ela consegue vender o produto por um preço superior ao valor gastado. Ao final incentive gastar o dinheiro com algo que realmente queira, e se for necessário, guarda-lo para um dia alcançar o valor do produto dos seus sonhos”, exemplifica Pessine.
Dica 4 – Mesada (a partir dos 10 anos)
A partir do momento que a criança já entende que o dinheiro é fruto do trabalho dos pais, e ela passa a ter uma visão mais clara de orçamentos e limitações, é possível dar mais liberdade financeira por meio de uma mesada. “Um grande ponto aqui é o problema ao dar a mesada antes de uma percepção clara da criança sobre trabalho, pois ela continuará achando que aquele dinheiro vem de uma forma magica, o que pode criar fortes vínculos de dependência financeira de longo prazo”, alerta.
Dica 5 – Usando os juros ao seu favor (entre 11 a 13 anos)
Nesta fase os adolescentes começam a ter objetivos mais caros. Essa é a oportunidade de ensinar a importância da economia ao longo prazo e os ganhos financeiros a partir dos juros. “Nesta atividade a criança informa um objetivo mais caro, como um videogame, por exemplo. Os pais depositam um valor mensal no cartão de débito do jovem e, junto a ele, estipula quanto tempo ele deverá economizar. Se ele conseguir esperar metade do tempo, deposite uma ajuda extra e informe que aquela diferença vem dos juros, no qual ao guardar dinheiro você ganha dinheiro”, conclui.
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