Ao devolver o mandato a Aécio Neves, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, fez um favor involuntário a Michel Temer. Defensor da manutenção do apoio do tucanato ao governo, Aécio deixa a reclusão domiciliar e volta a articular a favor do Planalto à luz do dia. O retorno do senador à atividade parlamentar realçará o constrangimento do PSDB, maior prejudicado com a novidade.
Temer e Aécio foram alvejados pelo mesmo delator: Joesley Batista, da JBS. O infortúnio alterou a natureza do relacionamento da dupla. Mantinham uma aliança política. Passaram a cultivar um vínculo de solidariedade penal no melhor estilo ‘uma mão lava a outra’. O problema para o tucanato é que todo o resto continua sujo.
Além de não conseguir se livrar de Aécio —um filiado tóxico, com nove inquéritos nas costas—, o PSDB acorrentou o seu projeto político a um governo do PMDB, chefiado pelo primeiro presidente da história a ser denunciado por corrupção em pleno exercício do mandato. O partido perdeu a oportunidade de sair do governo batendo a porta. E já não pode sair de fininho do fiasco em que se meteu. O desastre será maior se Aécio quiser retomar a presidência do ninho, hoje dirigido interinamente por Tasso Jereissati.
Créditos: Uol Notícias