O empresário Joesley Batista afirmou à Polícia Federal que ‘não tinha como saber’ a data da divulgação do acordo de delação premiada que fechou com a Procuradoria-Geral da República.
Joesley depôs nesta quarta-feira, 9, no inquérito da PF que investiga a venda de ações nos dias que precederam a notícia sobre o acordo e as aplicações no mercado de câmbio.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista, principais acionistas do grupo e delatores da Lava Jato, teriam auferido ganhos extraordinários no mercado de compra e venda de dólares e ações do grupo quando o teor das delações dos executivos estava na iminência de ser conhecido.
“Eu não tinha como saber a data da divulgação nem a extensão do impacto sobre o preço das ações”, afirmou Joesley.
O empresário garantiu ‘regularidade’ das operações de venda de ações.
A delação dos Batista mergulhou o governo Michel Temer em sua pior crise política. As revelações de Joesley levaram o procurador-geral da República Rodrigo Janot a denunciar criminalmente o presidente por corrupção passiva no caso JBS. A acusação foi barrada na Câmara. Temer pediu a suspeição de Janot.
O suposto uso de informações privilegiadas teria assegurado às empresas dos Batista lucro extraordinário no mercado de dólares e ações com a divulgação do teor das delações.
A investigação foi aberta por solicitação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A delação de Joesley e dos outros executivos da JBS foi tornada pública no dia 17 de maio. Vinte e quatro horas depois, a Bolsa ferveu.
Na avaliação dos investigadores, as empresas do grupo lucraram na aquisição de US$ 2,8 bilhões e evitaram prejuízo de quase R$ 140 milhões.
Créditos: Estadão