Confesso: apesar de me considerar uma pessoa gastronomicamente aventureira nunca consegui achar normal me deparar com larvas de bicho da seda cozidas e servidas em saquinhos de pipoca. Muito menos ver aquelas lindas criancinhas de Seul, na Coréia do Sul, se deliciando com o petisco. Ah, até os carrinhos do tal bundegi têm um quê dos de pipoca.
Sorte que as criancinhas coreanas têm também os tayiaki, esse fofos bolinhos em formato de peixe. Mas quando você espera um recheio normal, tipo um doce de leite, vem feijão doce, claro. Os tayiaki também são bem comuns no Japão.
Voltando aos insetos. Talvez isso não soe bem para a maioria dos brasileiros, mas comê-los regularmente é comum em ao menos 120 dos 193 países filiados à ONU. Mesmo no Brasil. No Vale do Paraíba, estado de São Paulo, o içá, uma espécie de formiga saúva de asas, é uma iguaria apreciadíssima, especialmente para fazer farofa. É sazonal – aparece na época de chuvas – e tão cara que ficou conhecida como “caviar do Vale”. Em São Paulo, o apelido faz ainda mais sentido. Alex Atala serve no D.O.M.
Já no México, os campeões de audiência são os chapulines, pequenos gafanhotos fritos com muito tempero. Clássicos em mercados de cidades como Oaxaca. E, dizem os mexicanos, não há nada melhor para acompanhar tequila ou mezcal.
Também em versões mais bonitinhas, para comer no cinema, por exemplo.
Mezcal é aquela aguardente também feita de Agave, como a tequila, mas de uma forma mais artesanal, destilada menos vezes e produzida em menor escala. É tradição que a bebida venha com um gusano, a larva de uma espécie de borboleta, no fundo da garrafa. Quem fica com a última dose leva o gusano.
Se bem que hoje, nessa onda de “raios gourmetizadores” por todo lado, as garrafas de mezcal mais chiques não vêm mais com gusanitos afogados. A onda é flor de sal de gusano para acompanhar o shot.
E não dá para falar de snacks estranhos sem mencionar o Mercado Noturno de Beijing, na China, com seus clássicos espetinhos bizarros.
Clássicos aqui significam escorpiões, estrelas-do-mar, cavalos marinhos e outras esquisitices como pele de cobra e até franguinhos com cabeça e tudo.
E quando você já vem esperando a coisa mais estranha do mundo percebe que estes espetinhos são de… tomate.
Para quem está achando que snacks diferentões não são populares nos países europeus, vá com calma. Procurando direito eles podem estar nas mais insuspeitas barraquinhas de rua. Nesta aqui, por exemplo, no promenade de Brighton, cidade praiana a uma hora de Londres, na Inglaterra.
A Jellied Eel – geleia de enguia – é um petisco de rua tradicional da Inglaterra Vitoriana. Aliás, durante o reinado da Rainha Victoria (1837-1901), comer de pé em barraquinhas de rua era mais comum do que hoje em dia apesar de acharmos que vivemos na era do fast food. E a geleia de enguia era perfeita tradução de calorias rápidas por pouca prata. Hoje, difícil é encontrar a iguaria – nas ruas ou fora delas. Mais difícil é encarar, ao se deparar com uma.
Créditos: To Go Blogs