A Associação dos Magistrados Brasileiros e a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro partiram para o ataque contra declarações do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, durante julgamento no qual foi concedida liberdade ao ex-governador do Rio Anthony Garotinho. Durante a sessão o ministro criticou, mais uma vez, a longa duração de medidas cautelares contra investigados no curso de processos.
Em sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar afirmou que “aproveitadores” fazem “populismo constitucional”. O ministro disse que “os erros do judiciário vão se amontoando a toda hora” e que é preciso “ter vergonha na cara”.As afirmações foram feitas no julgamento de um pedido de liberdade do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR), que foi concedido pela maioria de votos.
“E aí aparecem uns aproveitadores, têm moral às vezes muito baixinha, mas que começam a fazer um populismo constitucional nesta área. Tipos que a gente conhece e diz: ‘já vimos você rodar bolsinha’. Agora aparece fazendo populisnmo constitucional. ‘Ah, agora eu sou o dragão’. Ora bolas. Vá catar em outra freguesia”, disparou Gilmar Mendes, sem nomear os alvos.
Em nota, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Jayme de Oliveira, diz ‘repudiar mais uma declaração do ministro Gilmar Mendes que agride de modo desrespeitoso a magistratura brasileira’.
“A divergência de entendimento é próprio do Poder Judiciário, especialmente em ambiente colegiado, mas não se pode admitir a postura sistemática de agredir os que pensam de modo contrário”, ressalta.
O presidente da AMB ainda afirma que ‘magistratura brasileira não aceita de modo algum as críticas, pois se alguém está brincando, por certo não são os juízes e desembargadores que cumprem com seriedade a legislação brasileira e se esforçam para vencer a enorme carga de trabalho, sem paralelo nas democracias mais avançadas’.
Já a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ) diz ser ‘fundamental que sejam valorizados pela relevância de sua atuação e não depreciados, principalmente por uma autoridade, como o presidente do TSE e membro do Supremo Tribunal Federal (STF)’.
“Uma Justiça forte, independente e resistente a pressões, de onde quer que venham, é um dos pressupostos do Estado de Direito e da democracia”, conclui.
Créditos: Estadão