A indefinição quanto a um regime industrial específico pode levar a Mercedes-Benz a fechar as portas da fábrica de Iracemápolis, em São Paulo. De acordo com o presidente da empresa no Brasil e América Latina, Phillipp Schiemer, “fica difícil” manter a operacionalidade da planta no ano que vem.
A Mercedes investiu R$ 700 milhões em Iracemápolis. A unidade é responsável pela montagem do sedã Classe C e do utilitário esportivo GLA. Não faz nem dois anos que a fábrica foi inaugurada. O projeto só foi viável por conta do Inovar-Auto, que impôs sobretaxação a veículos importados. Tal acabou beneficiando empresas que produziam no país.
No entanto, o programa termina no fim deste ano. O atual governo planeja substituir o Inovar-Auto pelo Rota 2030, mas existem inúmeros impasses sobre a matéria. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) não entrou em acordo com a associação das fabricantes. Estas, por sua vez, também não se entenderam. Além disso, o Ministério da Fazenda barrou as propostas de isenções tributárias presentes no novo programa. Por conta de tudo isso, ainda não há previsão de quando o Rota 2030 irá começar a vigorar.
“O problema é acabar com tudo de uma vez. Nós nunca fomos favoráveis à limitação de importações, mas o fato é que fizemos uma fábrica seguindo uma política do País. Se agora vamos ficar sem nada a situação fica difícil”, reclamou Schiemer em entrevista à Automotive Business. Iracemápolis produziu 7 mil veículos em 2017, muito aquém de sua capacidade. A fábrica é capaz de montar 20 mil unidades por ano.
Phillipp Schiemer também disse que, com este volume de produção, ficaria mais barato para a Mercedes a importação dos automóveis. O executivo sugeriu a redução do imposto de importação de componentes. “Não achamos que isso seja protecionismo. É preciso ter alguma vantagem para continuar a produzir aqui”, sublinhou.
Essa poderá vir a ser a segunda tentativa frustrada da Mercedes-Benz em produzir automóveis no Brasil. Em 1999, a fabricante inaugurou planta em Juiz de Fora, Minas Gerais, para produzir o Classe A. O modelo foi descontinuado em 2005, mas a operação foi mantida até 2009 com o Classe C para exportação. Depois, a Mercedes optou por converter a unidade fabril em produtora de caminhões. A empresa produz pesados no Brasil há mais de 60 anos.
Créditos: Autopapo