Vermelhidão, irritação, dor leve e presença de secreção. Sintomas semelhantes, mas relacionados a doenças distintas. Afinal, qual é a diferença entre a conjuntivite e o terçol? O especialista da Oftalmed, Rafael Lopes, explica como caracterizar cada uma e detalha as formas de prevenção e tratamento.

Conjuntivite

É a inflamação da conjuntiva, tecido que recobre a área branca dos olhos e face interna das pálpebras, podendo ser infecciosa ou não. A vermelhidão no olho é mais intensa e pode vir acompanhada de secreção com ou sem pus, irritação, coceira, olho grudado pela manhã, sensação de areia ao piscar, visão pouco embaçada, fotofobia.

Terçol

É uma alteração nas pálpebras (calázio e hordéolo) por obstrução e/ou infecção das glândulas lacrimais. A característica principal é a presença de nódulos nas pálpebras em três estágios: agudo (durante poucos dias) ou crônico (por semanas). O olho do paciente pode apresentar pus, acompanhado de dor, irritação e vermelhidão mais leve.

Leia a entrevista que fizemos com o médico e tire suas dúvidas.

As duas doenças são contagiosas?

Rafael Lopes (RL) – Não. A conjuntivite, quando infecciosa, é extremamente contagiosa e os cuidados precisam ser rigorosos. Entre eles: evitar contato direto dos olhos e das secreções oculares com objetos,  mãos e outras pessoas. Já o terçol, apesar de ser uma lesão causada por uma bactéria, não costuma contaminar o próximo.

Quais são as causas?

RL – A conjuntivite pode ter causa alérgica, inflamatória ou infecciosa por bactéria ou vírus. Isoladamente, ela não é transmitida pelo ar. Enquanto os olhos estiverem vermelhos a doença ainda pode ser transmitida por meio de secreções oculares.

A conjuntivite alérgica ocorre por meio da exposição a qualquer componente a que o indivíduo tenha alergia, como pó, pólen, mofo, poeira, animais, produtos químicos, alimentos, etc. Já a inflamatória acontece quando algum produto tem contato com o olho e inflama a conjuntiva. Por exemplo, o contato acidental de algum produto químico nos olhos. Nenhuma das duas formas é contagiosa.

Já na forma bacteriana ou viral, a doença é contagiosa e transmitida por contato direto da secreção ocular ao olho sem infecção prévia. Por exemplo: ao coçar o olho doente e com a mesma mão cumprimentar outra pessoa ou tocar em objetos que serão manuseados por outras pessoa que levarão também a mão aos olhos.

Já o terçol ocorre a partir da obstrução ou infecção de uma glândula lacrimal presente na pálpebra, independente de contato ou não com outra pessoa com o mesmo quadro.

A irritação aparece no mesmo local?
RL – No geral nas duas situações os olhos tendem a ficar vermelhos, porém no terçol a pálpebra está mais acometida. Na conjuntivite os sintomas podem durar até uma a duas semanas, dependendo do tipo de conjuntivite.

Por que os olhos ficam vermelhos e inchados?
RL – É uma resposta fisiológica à inflamação ocular, os vasos sanguíneos ficam dilatados com maior presença de sangue e células de defesa, o que faz com que o olho fique mais vermelho. Pequenos pontos de sangramento podem acontecer em algumas conjuntivites. O processo inflamatório, alérgico ou infeccioso pode causar inchaço principalmente nas pálpebras nas duas situações.

Quem tem mais chances de desenvolver as doenças? Adultos ou crianças? Por que?
RL – Crianças e pessoas expostas ao público comumente apresentam mais chances de contrair conjuntivite por terem mais contato com outros indivíduos. Adultos ou crianças com imunidade baixa, recém-nascidos, usuários de lente de contato, pessoas expostas a substâncias químicas também são mais propensos no desenvolvimento.

Em relação ao terçol, o perfil dos pacientes são aqueles que apresentam blefarite (secreções que se acumulam na base dos cílios), excesso de oleosidade na pele, idosos e crianças que apresentam dificuldade em realizar higiene palpebral.

O que fazer para evitar a contração da doença?
RL – A conjuntivite demanda a higiene constante das mãos. É necessário evitar o aperto de mão em pessoas com conjuntivite, não compartilhar objetos como toalhas, talheres e maquiagem, não coçar os olhos, não usar lente de contato durante o tratamento, não compartilhar colírios, lavar regularmente lençóis, toalhas e roupas de cama. Crianças com conjuntivite não devem frequentar creches e escolas.

No terçol, é preciso manter higiene palpebral adequada com medicações próprias ou shampoo neutro, e o tratamento da blefarite é clínico com antibióticos , higiene, compressas e acompanhamento médico oftalmológico.

Quais as formas de tratamento?

RL – O tratamento da conjuntivite é clínico, com colírios lubrificantes e em alguns casos colírios anti-inflamatórios. Antibióticos e antialérgicos podem ser usados. Compressas frias com água filtrada gelada ou soro fisiológico ajudam a aliviar os sintomas. As conjuntivites podem levar a  complicações corneanas entre outras, portanto, é de fundamental importância a avaliação de um médico oftalmologista.

No terçol o tratamento inicial é clínico com compressas mornas, podem ser usado colírios antibióticos e até comprimidos. Quando não há melhora clínica, um simples procedimento cirúrgico pode ser realizado.

A Oftalmed orienta aos pacientes que procure sempre seu oftalmologista para confirmar o diagnóstico e definir o tratamento adequado.

Fonte: Divulgação