Pesquisadores da Universidade de Bristol descobriram que veiculação de imagens de ‘mulheres reais’ pode ajudar a reduzir a insatisfação corporal e risco de transtornos alimentares

Toda vez que você vê fotos de musas fitness no Instagram e de modelos magérrimas nas páginas das revistas, se sente insatisfeita com seu corpo? Pois, além de você não ser a única pessoa a se sentir desta forma, visualizar estas imagens ainda pode fazer mal à saúde. Um estudo recente realizado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, descobriu que, há efeitos na própria percepção e satisfação corporal de acordo com o peso das pessoas que são expostas na mídia, especialmente nas mulheres. Isso significa que, quanto mais a mídia insiste em exibir corpos magérrimos como padrão de beleza, maior é o número de pessoas que desenvolvem transtornos alimentares.

Para chegar ao resultado, a pesquisa foi realizada com dois grupos separados. No primeiro, 90 mulheres entre 18 e 25 anos com IMC (Índice de Massa Corporal) normal foram divididas aleatoriamente em três para completar, em 15 minutos, uma tarefa usando fotografias de mulheres com “peso normal” (IMC 22-23 kg por m²), ou alteradas para aparentar estar abaixo ou acima do peso.

O segundo foi idêntico, exceto que as 90 participantes apresentaram alta insatisfação corporal e elas foram avaliadas após 24 horas. Também foi realizada uma mega-análise combinando os dois grupos da pesquisa. As participantes avaliaram o tamanho dos corpos das outras, o próprio e sua satisfação com sua própria aparência antes e depois da tarefa.

As avaliações pós-tarefa foram comparadas entre os grupos, ajustando as classificações realizadas antes da tarefa. Participantes expostas a imagens com peso excessivo ou normal, perceberam os corpos das outras menores em comparação com aquelas mostrados abaixo do peso corporal. Elas também perceberam seus próprios corpos menores e se sentiram mais satisfeitas com seu corpo.

Este estudo sugere que um movimento da mídia no sentido de usar imagens de mulheres com um IMC na faixa saudável pode ajudar a reduzir a insatisfação corporal e o risco associado a transtornos alimentares.

De acordo com médico cirurgião plástico, Victor Cutait, o resultado do estudo pode ser facilmente compreendido com a questão corpo x autoestima. “A partir do momento em que as mulheres passam a ter uma beleza real como referência, o nível de cobrança consigo mesmas diminui. Elas percebem que não precisam ser magérrimas com corpos esculturais e que é permitido serem simples mortais, por isso se sentem mais felizes com seus corpos, exatamente como devem ser”.

O Brasil é o segundo país no mundo que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Cutait acredita que, caso a mídia como um todo passasse a utilizar imagens de ‘mulheres reais’, os procedimentos estéticos desnecessários também diminuiriam drasticamente.

‘A beleza não é um padrão, as pessoas precisam respeitar o seu próprio padrão, sua genética, não adianta querer ser o que não é, pois nenhum cirurgião plástico conseguirá fazer isso. A pessoa pode ser bonita sim sendo o que é. A cirurgia plástica não deve ser feita para se alcançar algo imposto pela sociedade, pelo marido, pelas amigas. É preciso fazer para satisfazer a si mesmo. Só assim a cirurgia é recomendada’, diz o médico.

A insatisfação corporal é um fator de risco para transtornos alimentares e, por isso, alterar a percepção sobre a aparência pode ser usado como uma forma de reduzir a insatisfação corporal e suas consequências negativas.

Fonte: Divulgação