“Less is only more when more is no good” – Frank Lloyd Wright. Deparei-me recentemente com essa citação manuseando minha ultima aquisição: o livro recém-lançado, Maximalismo, do consagrado arquiteto Sig Bergamin. Para quem – como eu – tem não só no Sig, mas em tantos outros de sua geração uma profunda admiração, estar em contato com seu mais recente trabalho me confirma a sensação que tenho tido já faz um tempo: a do retorno dessa tendência. Não só na minha área, mas nas artes em geral.
Acompanhamos nos últimos anos um forte apelo minimalista que caminha em perfeita harmonia com a simplificação e com o desejo das pessoas de se adaptarem a um mundo com recursos finitos e a escassez de espaços. Essa tendência já reina a alguns anos em projetos de arquitetos no mundo todo e seguramente não irá passar tão cedo. A novidade, no entanto, é que como toda grande corrente na arte ela aos poucos é acompanhada pela contratendência que justamente surge em oposição ao que está sendo ditado. Não acredito que uma possa eliminar a outra, mas vejo no maximalismo o que poderíamos chamar de corrente contrária e que já passa a ser abraçada tanto na moda, como no design e mesmo na arte.
Estamos, sim, começando a presenciar mais um ciclo de transformações e essa nova abordagem demanda conhecimento e adaptação. No design, o minimalismo se instalou na década de 1960 e teve sua explosão nos anos 1970 justamente como resistência aos excessos da pop art. Espaços mais amplos, vazios e tons suaves passaram a nos emocionar com móveis de linhas retas, ausência de ornamentos e design simples e funcional. Agora o que temos visto cada vez mais, e lentamente, é o retorno das formas orgânicas, da linha curva. Linhas retas e minimalistas já não são mais obrigatórias e quem trabalha na área assistiu nos últimos dois anos uma explosão de sofás curvos e tantos outros itens de mobiliário que resgatam detalhes que ferem a lógica minimalista. O tão aclamado “menos é mais” está pouco a pouco perdendo sua força.
Mas o que é o maximalismo? Este estilo, diferente de outros, é aquele que na essência permite praticamente tudo: misturas, extravagâncias e até mesmo toques de irreverência para surpreender e principalmente garantir originalidade as composições. O maximalismo é antes de tudo exuberante e normalmente é acompanhado de cores fortes, padronagens marcantes e até estampas. O mérito aqui não é apenas agregar diversos elementos, mas principalmente conseguir com equilíbrio um resultado harmônico e belo. Dificilmente você irá cruzar com projetos maximalistas que não sejam aconchegantes, pois essa é uma das qualidades dessa corrente que ao propor a proximidade dos móveis e muitas vezes a profusão exagerada de itens acaba como conseqüência criando ambientes extremamente acolhedores.
Mas antes que você acredite que precisa adotar ou se posicionar em relação a uma ou outra corrente penso que como na moda, talvez o que assistiremos é uma fusão de dois conceitos aparentemente tão conflitantes. Acredito que começaremos a ver cada vez mais a estética maximalista, onde o “mais é mais”, repaginada com elementos minimalistas. Por mais estranho que possa parecer o maximalismo minimal está emergindo em trabalhos de designers pelo mundo afora. Neste novo conceito contornos miminalistas chamam atenção por seus detalhes dominantes somados a uma certa ousadia e exagero tanto nos materiais como no apelo chamativo. Gostando ou não, o maximalismo é a essência da paixão e tem um forte apelo emocional. Talvez hoje precisemos estar realmente conectados plenamente ao que realmente admiramos e na dúvida sejamos obrigados a buscar um equilíbrio na maneira concisa e mínima de morar para nos sentirmos bem dentro de nossas casas.
Atualmente o “mais é mais” se apresenta como uma maneira de expressão que traz personalidade à ambientes cada vez mais vazios e na visão de um maximalista, ele é antes de tudo um colecionador que tem apego sentimental a objetos e sente prazer em se cercar de coisas bonitas. Ainda que essas não cumpram nenhuma função específica. Ao contrário de uma pessoa minimalista que se sente oprimido com os excessos, para um maximalista objetos contam histórias, trazem boas lembranças e fazem com que ele se sinta bem e até protegido. Por essa razão, se você não se enquadra totalmente com os preceitos minimalistas, gosta de combinar estilos e, principalmente, acredita em uma ligação emocional com seus livros, objetos e alguns excessos: sinta-se acolhido desde já, pois essa é uma tendência que está em ascensão e você vai cruzar cada vez mais com ambientes assim!