Muita gente pergunta: vou pegar um cruzeiro que vai fazer escala em tal lugar, tal lugar, tal lugar, tal lugar e tal lugar. O que eu faço em cada parada?

Bem, eu divido os cruzeiros em dois tipos.

Cruzeiros em barcos pequenos

O primeiro tipo é o meu preferido: cruzeiros em navios menores, que levam a lugares aonde só dá para chegar de barco mesmo.

Cruzeiros pelos fiordes da Escandinávia, cruzeiros pelo Alaska, a travessia de Ushuaia na Argentina a Punta Arenas no Chile passando pelo cabo Horn, os cruzeiros na Amazônia, como os do Iberostar ou mesmo os cruzeiros-boutique como a Expedição Katerre — todos esses são cruzeiros que permitem desembarque e embarque fácil, porque são feitos em embarcações menores, e têm escalas curtas.

A cada parada é feita uma expedição de duas, três horas no máximo para explorar a terra firme ou ir a lugares aonde só se chega em embarcações ainda menores. Ou seja: esse tipo de cruzeiro não oferece nenhuma dúvida a cada escala. Você só precisa decidir se quer ou não quer descer.

Cruzeiros em mega-navios

O segundo tipo é o cruzeiro que 95% das pessoas têm na cabeça: aquele cruzeirão em mega-navio que tem roteiros pontilhados de destinos famosos. Você pensa: oba, vou conhecer muitos lugares importantes, vou matar muitos itens da minha lista de objetivos de viagem de uma vez só.

Desculpe o spoiler, mas não é bem assim.

A maior atração desses cruzeiros — e tenha certeza que é uma super atração — são os navios em si. Esses mega-navios são verdadeiras Las Vegas flutuantes: cidades completas voltadas para a diversão 24 horas.

Se no seu itinerário estiver previsto algum dia inteiro ao mar, você não vai sentir falta nenhuma de descer. Há tanta coisa para fazer a bordo, tanta comida e bebida, tantos ambientes, tantas atividades programadas, que é possível que você complete a viagem sem ter explorado tudo.

Agora: as escalas são complicadas. O desembarque de mil, duas mil, até três mil pessoas não é bolinho.

A cada escala você tem seis ou oito horas para destrinchar um destino. E é quando você pergunta: o que que eu faço? Pego uma excursão do navio? Visito por conta própria?

Conforme-se: não vai dar para ver tudo

Comece se conformando que em seis ou oito horas você não vai conseguir cobrir o que você faria numa viagem de verdade de vários dias. Oito horas em Marselha não substituem uma viagem à Provence. Uma escala em Livorno até permite que você visite Pisa ou Florença rapidinho mas não substitui aquela viagem à Toscana.

Então relaxe e tente fazer um passeio prazeroso. Se você está enfurnado num navio, não saia só para embarcar num ônibus e fazer um city-tour em que você vai ‘conhecer’ o lugar pela janelinha. É melhor pegar um táxi e ir para a região mais interessante da cidade — caminhar, almoçar, experimentar a comida local (já que você vai voltar pra jantar a comida do navio).

Escala em praia

Em ilhas ou lugares de praia, em vez de fazer um city-tour de praias, pesquise qual é a melhor praia e aproveite o dia lá. Por exemplo: a escala mais perfeita dos mega-cruzeiros do Caribe é quando eles aportam numa praia particular da cia. de cruzeiro. Os passageiros descem no píer e já estão numa praia maravilhosa, com todos os serviços, o aproveitamento é 100% desde o momento do desembarque. Já quando você desce em St. Maarten, por exemplo, a tentação é a de negociar um táxi e fazer um pinga-pinga de todas as praias — o lado francês, o lado holandês, entra nessa, agora entra nessa outra… daí bem na hora de voltar para o porto, o trânsito engarrafou total, e agora? Um passeio bem menos estressante é você pegar um táxi para praia mais perfeita da ilha, Mullet Bay, e voltar ao porto com antecedência suficiente pra não passar perrengue no trânsito.

A mesma coisa em Búzios. O que é melhor? Pegar um buggy e fazer o giro de oito praias sem aproveitar nenhuma, ou pegar um aquatáxi e ir para a Azeda ou a João Fernandinho, ou pegar um táxi para a Ferradurinha e ter um dia de praia nota 11? Eu sou mais escolher uma praia.

Dá para sair a pé? Visite por conta própria

Nos lugares em que o porto esteja bem localizado, que você possa sair a pé, evite os passeios em grupo.

Por exemplo: em Veneza o porto está praticamente na cidade. Você um monotrilho e está na entrada da cidade. Em Salvador também: o porto de cruzeiros está pertinho do Mercado Modelo e do Elevador Lacerda, que leva você ao Pelourinho. No Rio de Janeiro, você pode até escolher: o porto de cruzeiros fica no Boulevard Olímpico, que tem atrações suficientes para um dia inteiro.

Em lugares assim, vale a pena sair explorando por conta própria. Todas as vezes que eu passo por um grupo de 25 pessoas com adesivo de cruzeiro seguindo um guia com sombrinha eu acho que o pessoal está mais preocupado em não se perder da guia do que em interagir com o lugar que está visitando.

Volte logo

Importante: não dê um lugar por visitado só porque você passou seis horas numa parada de cruzeiro. No mínimo você precisa voltar para ver como que é aquele lugar… depois que todo o pessoal dos cruzeiros vai embora.

Fonte: Viaje na Viagem