A leishmaniose visceral é uma doença zoonótica que pode acometer humanos, cães, gatos entre diversas espécies silvestres e domésticas. É uma doença causada pelo protozoário Leishmania infantum chagasi, o principal culpado pela endemia no Brasil. Ele é transmitido por meio da picada de flebotomíneos hematófagos infectados, mosquitos fêmeas que ao picar um humano ou animal infectado para se alimentar também se tornam infectados. Esses insetos são muito importantes na manutenção do ciclo da doença, pois é dentro dele que grande parte do ciclo biológico do protozoário acontece, se tornando infectante e causador de doença no próximo hospedeiro que o mosquito se alimentar.
Segundo a veterinária Camila Maximiano, da Clínica Pompeu, não há predisposição genética, racial ou sexual comprovadamente relacionada a doença e qualquer animal pode ser infectado e sua manifestação clínica é variável e inespecífica, o que torna a doença disseminada e de difícil diagnóstico clínico. A Leishmaniose pode causar diversas alterações clínicas cardiorrespiratórias, gênito-urinárias, locomotoras, oftálmicas e no sistema nervoso, mas as manifestações dermatológicas são as mais comuns e mais facilmente reconhecidas, como perda de pêlo, feridas que não cicatrizam, crescimento exagerado das unhas e dermatites. Além disso pode ocorrer perda de peso progressivo, inapetência, diarréia e vômitos, dor articular, problemas oftálmicos e quadros hemorrágicos.
Hoje no Brasil, há três categorias diagnósticas para Leishmaniose visceral canina e nenhuma delas é considerada 100% sensível e específica, sendo necessário um conjunto de exames positivos para o diagnóstico final, que o médico veterinário irá indicar de acordo com os aspectos clínico-laboratoriais apresentados pelo animal naquele momento. Os exames mais comuns para diagnóstico são os testes sorológicos, PCR e citologia de linfonodos e medula óssea, além de também ser necessário realizar exames hematológicos e de imagem para avaliar o grau de acometimento do animal pela doença.
De acordo com os resultados dos exames o médico veterinário definirá um estadiamento da doença e baseado nele indicar o melhor protocolo para o animal afetado. “O tratamento é multimodal, ou seja, se realiza associações de fármacos para controle da doença, mas também é importante realizar o tratamento dos sinais causados pelo protozoário, pois causam desconforto ao paciente”, explica Camila.
No contexto da saúde pública brasileira, o controle e prevenção da doença é de extrema importância e a abordagem multimodal é a mais indicada. A indicação para maior controle é utilizar em combinação uma proteção externa contra o vetor, com uso de repelentes/inseticidas, e uma proteção interna, com o uso de vacina contra o parasito. Os animais com diagnóstico positivo para Leishmania podem ser tratados e devem utilizar produtos repelentes e realizar o tratamento correto com o médico veterinário. “A Leishmaniose canina visceral não tem cura, mas com os devidos cuidados e acompanhamento veterinário recorrente o animal infectado vive bem e com qualidade de vida, sem se tornar risco a saúde de outros”, conclui Camila.
Fonte: Divulgação