Empresa é suspeita de direcionamento ilegal de licitação e superfaturamento em contratos com GDF, durante pandemia de coronavírus. Restrição judicial havia sido retirada na 1ª instância.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou, nesta segunda-feira (9), o bloqueio de R$ 10 milhões em bens de uma empresa investigada na Operação Falso Negativo, que apura fraudes na compra de testes para a Covid-19 no Distrito Federal (veja mais detalhes abaixo).
O STJ suspende os efeitos da decisão do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), que devolvia o valor à empresa. No entendimento do ministro Humberto Martins, presidente da Corte, o levantamento da indisponibilidade de bens “poderia inviabilizar eventual ressarcimento ao erário no futuro”, caso a investigada viesse a ser condenada pela Justiça.
O órgão, no entanto, não divulgou o nome da empresa alvo do bloqueio e, como a consulta de processos do STJ está fora do ar – devido a um ataque hacker – a reportagem não conseguiu acesso ao documento.
A Corte apenas explicou que a empresa é investigada por delitos como direcionamento ilegal de licitação e superfaturamento de produtos e serviços contratados pelo Executivo.
Pedido veio do MPDFT
Após o TJDFT decidir sobre a retomada dos bens pela empresa, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDF) acionou o STJ e pediu o bloqueio milionário.
O ministro considerou que os autos demonstram que a investigada “não tem patrimônio suficiente” para assegurar o ressarcimento, caso venha a ser condenada.
Testes de Covid-19 no DF, em imagem de arquivo — Foto: Breno Esaki/Agência Saúde
Humberto Martins afirmou ainda que a falta do ressarcimento pode trazer “prejuízos milionários aos cofres públicos“.
“No caso, o requerente apresentou elementos concretos para a comprovação da ofensa aos bens tutelados pela legislação de regência, especialmente quanto ao risco de não ressarcimento aos cofres públicos de valores destinados à saúde do Distrito Federal”, afirmou o ministro.
Operação Falso Negativo
Segundo o Ministério Público, houve fraudes em quatro contratos da Secretaria de Saúde para a compra de testes do novo coronavírus. Os promotores acusam o ex-secretário Francisco Araújo de “capitanear a organização criminosa” que favorecia empresas nas licitações.
Entre as irregularidades apontadas estão: superfaturamento, prazos inexequíveis para apresentação de propostas e desvio de recursos públicos. O prejuízo estimado é de, pelo menos, R$ 18 milhões. Os réus negam irregularidades.
Em 25 de setembro, a Justiça aceitou denúncia contra 15 investigados na operação. Além dos oito que foram presos, a ex-gerente de Aquisições Especiais da SES-DF, Erika Mesquita Teixeira, virou ré, assim como seis representantes das empresas que, segundo o MPDFT, foram beneficiadas no esquema.
Os seis investigados pela operação Falso Negativo que continuam presos são:
- Francisco Araújo: então secretário de Saúde do DF
- Eduardo Seara Machado Pojo do Rego: então secretário adjunto de Gestão em Saúde do DF
- Iohan Andrade Struck: então subsecretário de Administração Geral da SES-DF
- Jorge Antônio Chamon Júnior: então diretor do Laboratório Central do DF
- Ramon Santana Lopes Azevedo: então assessor especial da SES-DF
- Emmanuel de Oliveira Carneiro: então diretor de Aquisições Especiais da Secretaria de Saúde.
Fonte: G1