Cuidar da saúde de mulher de forma integral, desde a adolescência até a menopausa, com destaque para a prevenção das doenças mais comuns ao público feminino. Essa é a recomendação do ginecologista do Hospital Águas Claras, Evandro Oliveira. “Cada uma das fases de vida da mulher necessita de recomendações totalmente diferentes”, observa.

Em se tratando de medicina preventiva relacionada à saúde da mulher, são três as principais fases: a jovem, que abrange a chegada da menstruação e início da vida sexual; a mulher em idade fértil, aproximadamente até os 35 anos; e a chegada do climatério e da menopausa, quando ocorrem diversas alterações hormonais.

“Na primeira fase, é essencial o acompanhamento após a menarca, ou seja, a primeira menstruação, bem como é hora de alertar sobre as doenças sexualmente transmissíveis e a prevenção da gravidez precoce. Na segunda fase, continuamos a tratar de contraceptivos e planejamento familiar. Na terceira fase, cuidamos do envelhecimento dos órgãos femininos, deixando a paciente totalmente confortável com o processo, que é natural”, conta o especialista.

O alerta para a prevenção de doenças é ainda mais importante no mês em que a população feminina fica em evidência, com a passagem do Dia Internacional da Mulher, no próximo dia 8.

Quando começar a ir ao ginecologista?

“Após a primeira menstruação”, responde Evandro Oliveira. “Nós [médicos] consideramos essa adolescente como sendo capaz de engravidar no começo da menstruação. Assim, a preocupação é com o início da vida sexual, uma gravidez indesejada e, principalmente, a possibilidade de contaminação por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)”, explica.

Aqui, o destaque vai para o tratamento precoce do HPV, sigla em inglês para Papilomavírus Humano. Esta doença é uma das principais causas de cânceres ginecológicos. São pequenas verrugas genitais que podem aparecer dos lados externo e interno da vagina e útero. A principal forma atual de prevenir a enfermidade é por meio da vacina. Entretanto, a condição não é exclusivamente feminina.

“A gente precisa entender que a vacina previne não só a doença, mas consegue neutralizar o vírus nas pacientes que já tiveram contato com o HPV. Não precisamos pensar só nas que não tiveram atividade sexual. A vacina é importante em todas as idades e não se restringe só às mulheres”, destaca o médico.

A vacina para o HPV faz parte do calendário de vacinação do Ministério da Saúde para crianças e adolescentes dos 9 aos 13 anos, com duas doses, sendo que a segunda é um reforço da anterior. A imunização também pode ser encontrada na rede privada e deve ser aplicada com indicação médica.

Outra probabilidade na idade fértil é a gravidez indesejada na adolescência. De acordo com o ginecologista, o ideal é que o método contraceptivo seja iniciado 30 dias antes da primeira relação sexual. “Como isso não é possível controlar,

é importante começar a tratar a adolescente tão logo comece a atividade sexual”, explica o médico.

1. O Ministério da Saúde coordena a vacinação contra HPV até os 25 anos de idade;
2. Mulheres em qualquer idade podem tomar a vacina;
3. A vacina não é exclusiva para mulheres. Dados do INCA mostram que mais de 50% do total da população masculina mundial têm a doença;
4. Tomar a vacina ajuda auxilia na resposta imunológica de quem já teve o vírus;
5. O tratamento, na maioria das vezes, é clínico.

Contraceptivos e Planejamento familiar

Existem inúmeros tipos de métodos contraceptivos além da conhecida pílula anticoncepcional. Eles são classificados em cinco grupos: Métodos comportamentais; Métodos de barreira; Dispositivo intrauterino (DIU); Contracepção hormonal; Contracepção cirúrgica.

“As mulheres que não pensam em gestação no momento devem conhecer os métodos contraceptivos, que precisam ser bem avaliados e indicados para cada pessoa. Deve ser escolhido algum que seja confortável, praticável e adequado à realidade da mulher. Precisa ser bom para a paciente, estar adaptado ao ritmo de vida dela e trazer outros benefícios além de evitar filho. Dois excelentes métodos são o implante e o Dispositivo Intrauterino (DIU), tanto hormonal quanto o não hormonal”, enumera o ginecologista.

O médico destaca a necessidade de observar os hábitos comportamentais de cada paciente para indicar o melhor método, para evitar abandono e, consequentemente, uma gravidez indesejada.

Quem pensa em ter filhos também deve levar em conta alguns fatores. De acordo com o ginecologista, até os 35 anos, os ovários e útero são considerados adequados e férteis para conceber um bebê. Entretanto, há mulheres que, por algum motivo clínico a ser avaliado por meio de exames e testes, não conseguem engravidar. Estas mulheres precisam procurar um especialista em reprodução assistida. “No caso de uma paciente que tenta sem sucesso há mais de 12 meses, com o mesmo parceiro, há indicação de tratamento especial. Vale levar em conta que nem sempre a dificuldade é da mulher. É preciso avaliar o homem também”, afirma.

Evandro Oliveira ainda aponta que as mulheres não devem levar em conta os paradigmas com relação à maternidade, especialmente com relação ao câncer de mama. “Existe uma relação entre a amamentação e a redução das chances de ter câncer de mama? Sim, mas isso não é fator determinante. É necessário avaliar o histórico familiar, tabagismo, obesidade, sedentarismo. Todos os fatores devem ser levados em consideração quando se fala nesse assunto”, alerta o médico.

Métodos comportamentais

– Tabelinha;
– Temperatura basal;
– Muco cervical (método Billings);
– Coito interrompido.

Métodos de barreira

– Camisinha;
– Diafragma;
– Esponjas;
– Espermicidas;

Dispositivo intrauterino (DIU)
Contracepção hormonal

– Contraceptivos orais;
– Contraceptivos injetáveis;
– Implantes;
– Anel vaginal;
– Adesivos cutâneos;
– Contracepção de emergência (pílula do dia seguinte);

Contracepção cirúrgica

– Vasectomia
– Laqueadura

Climatério e menopausa

Fazer atividade física, ter alimentação equilibrada e bem-estar mental e fazer exames preventivos. Se estas indicações são válidas em qualquer fase da vida, a partir dos 40 anos, as mulheres precisam estar ainda mais atentas.

Mesmo que não exista um padrão, o período mais comum para o climatério (início da menopausa) é entre 40 e 50 anos, mas pode ocorrer antes disso. Calor excessivo, insônia, irritabilidade, perda de memória, dores articulares, mudança de humor. Esses são alguns dos sintomas considerados normais, relacionados ao envelhecimento dos ovários, órgão responsável por fornecer e regular diversos tipos de hormônios às mulheres.

“A forma mais fácil de observar o início da menopausa é quando a paciente passa 12 meses consecutivos sem menstruar. Se ela não tiver útero, o con-trole é feito através de exames de sangue, com dosagens hormonais. Além disso, ao observar a idade, geralmente a partir dos 40 anos, as alterações naturais do corpo começam a ser excessivas. Geralmente esses sinais estão relacionados com a falta ou descontrole hormonal”, explica Evandro.

O médico destaca que o mais importante é a mulher entender que nenhuma dessas reações é culpa dela. De acordo com Evandro, há possibilidades de amenizar os sintomas com tratamentos preventivos. “É ideal, sim, iniciar o tratamento antes da menopausa, principalmente quando a paciente está afetada do ponto de vista social, laboral, emocional, entre outros”, aponta

Um dos paradigmas ainda existente é a relação entre o uso de hormônios e o câncer. Segundo o médico, cada caso deve ser avaliado e a ingestão hormonal é indicada para melhorar a qualidade de vida da paciente. Isso vale mesmo para as pacientes que possuem alguma comorbidade, como diabetes ou hipertensão. Os ginecologistas trabalham com outras especialidades para oferecer tranquilidade e longevidade às mulheres.

Além disso, o médico ressalta que a mulher de hoje tem um perfil diferenciado. Muitas delas ainda estão pensando em reprodução depois dos 40 anos. Ou seja, ainda não foram mães ou desejam ser mães de novo. De acordo com Evandro Oliveira, não é incomum encontrar mulheres nos consultórios, mesmo na menopausa, com este desejo. Neste caso, a indicação é que ela faça um acompanhamento com um especialista em reprodução.

 

Fonte: Correio Braziliense