Preocupado com o risco de um racha entre aliados na CPI dos Atos Golpistas, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai buscar negociar um acordo na escolha do presidente e do relator da comissão que foi criada nesta quarta-feira (26) e pode ser instalada na próxima quarta (3).
Os dois postos são disputados por apoiadores de Lula na Câmara e no Senado, colocando em campos opostos os grupos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
A presidência da CPMI ficará com um deputado. Os mais cotados são Arthur Maia (União Brasil-BA) e o líder do PP na Câmara, André Fufuca (PP-MA).
Já a relatoria, também importante, deve ficar nas mãos de um senador. E aqui, o mais cotado para assumir o posto é Renan Calheiros, rival de Lira na política alagoana.
Uma saída negociada para evitar esse embate seria indicar outro senador do MDB – por exemplo, o líder do partido no Senado, Eduardo Braga (AM).
Segundo articuladores políticos de Lula, o Planalto tenta traçar uma estratégia para evitar que esses dois grupos, hoje próximos do governo, criem um racha na CPI antes mesmo do início dos trabalhos.
O problema, até o momento, é que o Senado não aceita que o grupo de Arthur Lira estabeleça um “veto” ao nome de Renan Calheiros.
Por outro lado, o governo considera vital que presidente e relator da CPI trabalhem afinados, em conjunto. O medo é que as divergências levem a alianças pontuais entre membros do “grupo de Lira” e da oposição.
CPI começa em breve
A instalação da CPI deve acontecer na próxima semana, depois que os líderes partidários indicarem os 32 membros da comissão. Antes mesmo da primeira sessão, porém, governistas e oposição já definiram seus objetivos.
Os governistas vão focar no enfraquecimento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Já a oposição vai mirar no ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias e no ministro da Justiça, Flavio Dino.
O governo não queria a CPI, mas agora diz que vai até o fim – principalmente depois de encaminhar a formação de uma maioria na comissão.
Já os oposicionistas querem ganhar no discurso, ou seja, na base do grito, para desgastar o presidente Lula.
A estratégia é focar no fato de os atos golpistas terem ocorrido já com Lula no governo, e bater na tecla de que a responsabilidade pela existência dos atos de vandalismo é do governo atual.
Fonte: Globo.com