Dados são do “Relatório Global sobre Hepatites de 2024”, divulgado na terça-feira (9)

As hepatites virais causam a morte de cerca de 3.500 pessoas por dia em todo o mundo. A informação é do “Relatório Global sobre Hepatites de 2024″, divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta terça-feira (9).

Segundo a entidade, a doença é a segunda principal causa infecciosa de morte a nível mundial, com 1,3 milhões de mortes por ano, ficando atrás apenas da tuberculose.

O relatório destaca que, apesar de existirem atualmente melhores ferramentas para o diagnóstico e tratamento das hepatites virais, as taxas de testagem e cobertura de tratamento estagnaram no mundo. Por outro lado, a meta da OMS de tratar 80% das pessoas com a doença até 2030 deverá ser alcançável, se forem tomadas medidas rápidas.

O levantamento reúne dados de 187 países e mostra que o número estimado de mortes por hepatite viral aumentou de 1,1 milhão, em 2019, para 1,3 milhão, em 2022.

Destas, 83% foram causadas pela hepatite B e 17% pela hepatite C.

“Esse relatório desenha um quadro preocupante: apesar do progresso global na prevenção de infecções por hepatite, as mortes estão aumentando porque muito poucas pessoas com hepatite estão sendo diagnosticadas e tratadas”, afirma o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado. “A OMS está empenhada em apoiar os países para utilizarem todas as ferramentas à sua disposição – a preços acessíveis – para salvar vidas e inverter essa tendência.”

254 milhões de pessoas viviam com hepatite B em 2022, segundo a OMS

Ainda de acordo com o relatório, 254 milhões de pessoas viviam com hepatite B e 5 milhões com hepatite C em 2022. Metade das pessoas afetadas possuíam entre 30 e 54 anos de idade e apenas 12% possuíam menos de 18 anos de idade. Os homens representam 58% de todos os casos.

As novas estimativas de incidência indicam uma ligeira redução nos casos de hepatites virais em 2022 em comparação com 2019, mas a incidência global permanece alta. Em 2022, ocorreram 2,2 milhões de novas infecções; em 2019, o número foi de 2,5 milhões.

De acordo com a OMS, do total de novos casos, 1,2 milhões eram por hepatite B e quase 1 milhão por hepatite C. Cerca de 6 mil pessoas são infectadas por hepatite viral todos os dias.

Número de pessoas diagnosticadas e tratadas adequadamente ainda é considerado baixo

Ainda de acordo com o relatório, em todas as regiões, apenas 13% das pessoas que vivem com infecção crônica por hepatite B tinham sido diagnosticadas e aproximadamente 3% tinham recebido terapia antiviral no final de 2022. Em relação à hepatite C, 36% tinham sido diagnosticados e 20% receberam tratamento curativo.

Esses dados ficam muito abaixo das metas globais de tratar 80% das pessoas que vivem com hepatite B crônica e hepatite C até 2030. Mesmo assim, houve uma pequena melhora no diagnóstico e na cobertura do tratamento desde as últimas estimativas divulgadas em 2019. De acordo com o relatório, o diagnóstico de hepatite B aumentou de 10% para 13%, enquanto o tratamento aumentou de 2% para 3%. Em relação à hepatite C, as taxas de diagnóstico aumentaram de 21% para 36%, e as do tratamento, de 13% para 20%.

A região com maior incidência de hepatites virais, de acordo com a OMS, é a região africana, correspondendo a 63% das novas infecções por hepatite B, com apenas 18% dos recém-nascidos recebendo a dose de vacinação contra a doença ao nascer. A região do Pacífico Ocidental é responsável por 47% das mortes por hepatite B e a cobertura de tratamento entre os infectados é de 23%, o que é significativamente baixo para reduzir a mortalidade, segundo a entidade.

Bangladesh, China, Etiópia, Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Federação Russa e Vietnam, assumem, coletivamente, quase dois terços do fardo global da hepatite B e C, segundo a OMS.

Prevenção às hepatites virais

As hepatites virais são infecções que atacam o fígado, causando sua degeneração. Os tipos mais comuns de hepatites virais no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são as causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, em menor frequência, o vírus da hepatite D e o vírus da hepatite E.

As infecções causadas pela hepatite B e C frequentemente se tornam crônicas, podendo comprometer o fígado de forma grave, contribuindo para o desenvolvimento de câncer e para a necessidade de transplante do órgão.

A hepatite A é transmitida pelo contato de fezes contaminadas com a boca e tem grande relação com o consumo de alimentos ou água contaminados e baixos níveis de saneamento básico. Pode ser prevenida com a higienização adequada das mãos, de utensílios de cozinha e com o bom cozimento dos alimentos antes de consumi-los. Também existe vacina contra a hepatite A, que é a principal forma de prevenção.

A hepatite B pode ser transmitida da mãe para o filho durante a gestação ou durante o parto e a principal forma de prevenção é a vacina, que está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade.

Já a hepatite C pode ser transmitida pelo contato com sangue contaminado, pela falha de esterilização de equipamentos médicos, odontológicos ou estéticos, por relações sexuais sem preservativos e pela transmissão de mãe para o filho durante a gestação.

Não existe vacina contra a hepatite C e, por isso, as medidas preventivas incluem o uso de preservativos nas relações sexuais, o não compartilhamento de qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue e, no caso das gestantes, a realização do pré-natal.

 

 

Fonte: CNN Brasil