Nos últimos anos, o interesse por procedimentos estéticos dentários tem crescido de forma exponencial, acompanhando uma tendência global de busca pela aparência perfeita. Somente nos últimos quatro anos, o número de atendimentos cirúrgicos e não cirúrgicos cresceu 40%, conforme indicam os dados da Pesquisa Global Anual sobre Procedimentos Estéticos/Cosméticos da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps). Os procedimentos não cirúrgicos, comumente realizados em consultórios odontológicos, chegaram aos 19,1 milhões. O Brasil fica em 2º lugar no ranking dos países que mais realizam procedimentos estéticos, atrás apenas dos Estados Unidos. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) aponta que, no ano passado, a busca pela medicina estética passou dos 2 milhões de procedimentos.
Entretanto, essa corrida pela estética pode comprometer seriamente a saúde bucal. O dentista do Instituto Ária Arthur Silveira, especialista em prótese, na área de reabilitação e estética, alerta para os perigos associados a procedimentos estéticos mal indicados e a falta de conscientização dos pacientes sobre os riscos. Confira os principais problemas mencionados pelo dentista.
1. Perda de dentes e necessidade de tratamento de canal
De acordo com Silveira, muitos pacientes acabam perdendo dentes ou precisando de tratamentos de canal após procedimentos estéticos mal realizados. ” A falta de cuidado com a saúde bucal antes de realizar tratamentos como lentes de contato e clareamentos pode gerar complicações sérias a médio e longo prazo, como a perda dos dentes e retração de gengiva”, detalha.
2. Uso indevido de aparelhos ortodônticos
desta forma fica mais adequado: Alguns pacientes estão tentando realizar tratamentos ortodônticos sozinhos, uma prática comum entre os jovens atualmente. Isso ocorre principalmente por uma questão estética, já que muitos desejam usar aparelho. Muitos acabam colocando aparelhos em casa ou utilizando os instrumentais corretos com a ajuda de outras pessoas, mas sem a capacidade técnica para conduzir o tratamento adequadamente. Essa prática é preocupante e, além disso, a ortodontia mal planejada é um problema, especialmente quando realizada por dentistas que não têm a especialização necessária.
Outro problema crescente é o uso inadequado de aparelhos ortodônticos. Silveira aponta que alguns pacientes tentam realizar o tratamento sozinhos, sem acompanhamento profissional. Ele ressalta que esse tipo de tratamento deve ser feito somente sob a supervisão de um ortodontista. “Essa prática pode levar a danos irreversíveis à estrutura dentária, resultando em problemas de oclusão e até perda de dentes”, explica.
3. Clareamento dental sem orientação profissional
O uso de produtos de clareamento dental sem a devida supervisão é outro risco. “O paciente compra o material sem orientação, o que pode causar sensibilidade extrema, desgaste do esmalte e até lesões na gengiva. Esses pacientes acabam deixando de lado o básico, que é a funcionalidade. Muitas vezes, não fazem consultas regulares a cada seis meses para um tratamento periodontal, como a remoção de tártaro, mas estão preocupados em fazer clareamento. Assim, maquiam problemas bucais, como doenças periodontais, com a aparência de dentes brancos, seja por meio de lentes ou clareamento”, alerta o especialista.
4. Complicações em procedimentos de harmonização facial
A popularidade da harmonização facial e do botox vem crescendo, mas esses procedimentos apresentam sérios riscos quando realizados por profissionais não qualificados. Pacientes têm enfrentado complicações graves, como a perda de partes do lábio e da ponta do nariz. “Embora a harmonização facial possa ser útil em algumas reabilitações estéticas, o número de complicações tem superado os casos de sucesso. A falta de fiscalização adequada pelos conselhos de odontologia agrava o problema, fazendo com que esses procedimentos sejam realizados de forma indiscriminada e sem o controle necessário”, esclarece O dentista do Instituto Ária Arthur Silveira.
5. Lentes de contato dentais: o mito do ‘sem desgaste’
O especialista desmistifica a ideia das lentes de contato dentais sem desgaste. “Não existe isso. Para colocar lentes de contato nos dentes, é necessário um mínimo de desgaste. Se não for bem executado, pode causar problemas como gengivite, mobilidade dental e, em casos mais graves, a perda de dentes. O paciente precisa estar ciente de que, ao desgastar o dente, isso é irreversível”, enfatiza.
Silveira critica a inversão de prioridades que muitos pacientes apresentam ao colocar em primeiro plano a estética em vez da saúde bucal. “Muitas vezes o paciente está com problemas na gengiva ou precisa tratar um canal, mas o foco dele é ter um dente branco ou colocar lentes de contato”, comenta. O especialista reforça que procedimentos estéticos não devem mascarar problemas funcionais, como doenças periodontais. “Maquiar uma doença periodontal com um dente branco não resolve o problema, apenas o esconde”, alerta.
A busca pela estética precisa ser feita de maneira consciente e com a orientação de profissionais qualificados. “O que eu sempre digo aos meus pacientes é que o menos é mais. Precisamos pensar em conseguir mais saúde e até estética com o menor número de intervenções possíveis”, finaliza.
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