Descubra o que pode causar a fotofobia, ou seja, a intolerância à claridade, para buscar tratamento e prevenir maiores danos à sua visão

A fotofobia é a intolerância à claridade, ou seja, um desconforto nos olhos quando em um local muito iluminado. Porém, o que muita gente não sabe é que esse sintoma costuma ser apenas uma parte de um problema maior, como alterações na saúde ocular, doenças sistêmicas como lúpus, fibromialgia, hipovitaminose A, alterações hormonais e questões neurológicas.

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, o sintoma pode ocorrer em todas as faixas etárias e aparece com maior frequência em pessoas de olhos claros e albinos, que têm maior sensibilidade à luz nas células da córnea e da retina.

Membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), o especialista ressalta que, na maioria das pessoas, a condição vem acompanhada de visão embaçada, vermelhidão, ardência, dor nos olhos e dor de cabeça, sintomas que indicam necessidade de acompanhamento para prevenir maiores prejuízos à saúde ocular.

A seguir, veja quais as principais causas da fotofobia:

Astigmatismo

É a causa número 1 da fotofobia, sobretudo entre crianças, segundo Queiroz Neto.

“As mais atingidas são as alérgicas, que de tanto coçar os olhos fazem o formato redondo da córnea se tornar ovalado” pontua. Quando a córnea é esférica, as imagens penetram no olho pela córnea, atravessam o cristalino e são projetadas sobre a retina. Em olhos com astigmatismo, a córnea ovalada ora projeta as imagens na frente da retina, ora atrás.

“Esta flutuação do foco provoca fotofobia e visão desfocada para perto e longe. A criança não sabe que enxerga o mundo fora de foco. Por isso, a recomendação é que passem por um exame oftalmológico nas férias, principalmente porque há muitas evidências de que o excesso de telas é uma causa importante do aumento da miopia na infância”, afirma.

Ceratocone

A condição responde pelo maior número de transplantes de córnea no país e atinge mais de 100 mil brasileiros, a maioria crianças e adolescentes. Queiroz Neto explica que o ceratocone pode parecer o astigmatismo, mas é mais grave. Isso porque enfraquece e afina a córnea, fazendo com que progressivamente tome o formato de um cone.

O diagnóstico no início da condição só e possível pela tomografia, um exame detalhado da superfície anterior e posterior da córnea.

Uveite

Inflamação da úvea, revestimento interno do globo ocular formado pela íris, corpo ciliar e coroide, a uveite pode atingir pessoas de todas as idade. Surge por doenças infecciosas, inflamatórias ou autoimunes. Pior: “Frequentemente é confundida com conjuntivite pela população por apresentar alguns sintomas semelhantes – vermelhidão, dor e fotofobia”, afirma Queiroz Neto.

Por isso, ao sentir um desconforto no olho a recomendação do oftalmologista é consultar um especialista. “Tratar uveite como colírio para conjuntivite pode levar à perda da visão” alerta.

Catarata

Queiroz Neto esclarece que todos os tipos de catarata – senil, traumática, secundária por medicamentos, diabética ou congênita – causam a opacificação do cristalino, lente interna do olho. Isso provoca a dispersão da luz no globo ocular e resulta em fotofobia intensa. “É esta dispersão da luz que aumenta a fotofobia a ponto de causar cegueira momentânea durante a condução noturna por motoristas com catarata”, explica.

A boa notícia é que a catarata é eliminada pela cirurgia que substitui o cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular, que também corrige os erros de refração, incluindo a presbiopia.

Outras condições oculares e sistêmicas

Queiroz Neto esclarece que a fotofobia pode ocorrer pela síndrome do olho seco, uma alteração na quantidade ou qualidade da lágrima, cicatrizes na córnea causadas pelo uso abusivo de lente de contato, conjuntivite malcuidada, ceratite (inflamação da córnea) e condições neurológicas, como enxaqueca, encefalite ou meningite.

Oscilações hormonais em mulheres e medicamentos

“As oscilações hormonais na mulher, independente da faixa etária, somada ao frequente contato da mucosa ocular com cosméticos ou maquiagem e a redução dos hormônios sexuais após a menopausa fazem com que elas tenham 3 vezes mais olho seco e, consequentemente, mais fotofobia”, destaca. A mulher também está exposta ao uso de anticoncepcionais, que também pioram o ressecamento da lágrima e a fotofobia.

Além dos anticoncepcionais, outros medicamentos podem provocar a fotofobia. Queiroz Neto destaca os antibióticos, antialérgicos, antiarrítmicos, anti-hipertensivos, corticoides e os indicados para acne, como a Isotretinoína. Para diminuir o desconforto e proteger os olhos a recomendação é usar óculos escuros que filtrem 100% da radiação UV.

 

 

Fonte: Alto Astral