Às vezes a intensidade da nossa própria atividade mental é inversamente proporcional à ação que dedicamos a nos ocupar de assuntos importantes das nossas próprias vidas, seja a nível pessoal ou profissional. Isto é, quanto mais atividade mental existe, menos preocupações importantes abordamos, e acabamos por enrolar sem sair do lugar.
Pensamos que o laço da ruminação – pensar incessantemente em alguma coisa – vai cessar em algum momento, através do próprio pensamento ou da “resolução” desse pensamento na nossa vida. O fato é que isto não é assim, já que a maioria das soluções adquire esta natureza quando se transforma em ações.
Perseguir metas a curto e longo prazo exige uma grande capacidade de autocontrole, que implica tanto a concentração no momento em que isto é necessário, como saber desligar com uma atividade incompatível o “alvoroço mental” que você desencadeou na sua cabeça.
Por isso, sugerimos um plano de ativação comportamental que inclui medidas pessoais de todo tipo para deixar de enrolar e pensar excessivamente nas coisas. Sua intenção é evitar passar o dia todo pensando em coisas que fogem do nosso campo de ação real.
1. Determinar os seus valores de vida para deixar de enrolar
Se não sabemos para onde vamos, em algum momento do caminho iremos nos perder e inclusive podemos chegar a desistir. Não importa que em algum momento deixemos de perseguir certos valores em detrimento de outros, mas é importante fazer uma revisão destes de tempos em tempos para revisar criticamente o sentido com o qual avançamos. Descubra os seus valores e dê sentido à sua vida: assim suas metas estarão dotadas de uma parte pessoal significativa para você.
2. Estabeleça metas objetivas de curto, médio e longo prazo
Se o seu objetivo é ser um bom médico futuramente, uma boa ideia é estabelecer os passos para conseguir fazer isso, atendendo à disponibilidade temporal para ir se aproximando dessa meta. De nada serve sonhar e se ver com um avental branco e atendendo pacientes se você ainda não está na faculdade e não começou uma carreira.
3. Desconfie das receitas mágicas e dos casos excepcionais
Antes de colocar mãos à obra, é muito importante que o seu sonho e a sua vontade não estejam baseados em mensagens enganosas. A atitude é importante, mas na verdade todos podemos ter uma atitude muito boa todos os dias e estar convencidos de que alcançaremos nossas metas, mas sem dedicar as horas necessárias a um trabalho preestabelecido para alcançar a meta, estaremos nos afastando do objetivo.
4. Determinar os problemas que possuem solução na hora, os que não têm solução, e os que precisam ser adiados
Quando você tiver conquistado uma atividade e uma motivação elevadas, talvez certas ideias intrusas de diversas índoles comecem a rodeá-lo, surgindo a necessidade de abordá-las de algum jeito. Isto é, você se distrai por ideias que não têm nada a ver com a tarefa e depois é incapaz de retomá-la de forma satisfatória, se desligou demais e, ao mesmo tempo, se sente culpado pelo tempo perdido.
Da próxima vez, a solução pode estar em um papel e caneta: anote as ideias que você pode solucionar na hora porque são urgentes (sem que você precise interromper nada, escolhendo um momento de descanso), as ideias que têm solução, mas não naquele momento, nem a partir daquele lugar, e as ideias que não requerem uma solução, e sim uma reflexão profunda que raramente terá uma solução mágica nesses momentos de estresse.
Anotar e classificar dará a você a sensação de controle imediato, como se uma parte dos seus problemas cotidianos pessoais pudessem ser resolvida a partir de uma perspectiva de “execução”. Não é uma estratégia mística, mas é eficaz e resolve. Muito mais do que ruminar e enrolar sem parar…
5. Se você quer se desligar, faça-o com atividades incompatíveis
Se chega a hora do descanso e você se dedica a ruminar sobre como administrar melhor esse negócio, como organizar suas horas de estudo, ou se após uma discussão de relacionamento amoroso você continua revendo as palavras proferidas, você não estará se desligando, simplesmente estará se contaminando ainda mais.
Se você trabalha com contabilidade, pode desligar fazendo uma pausa para olhar a natureza ou escolher ler um pedaço do livro sobre o Nobel de Economia que tanto lhe interessa. Você se desliga com ambas, mas não perde o fio da meada.
6. Anime-se e pense em tudo que você aprendeu e que antes não conhecia
Já sabemos que a constância é dura, mais ainda se determinadas circunstâncias sociais e pessoais nos afetam. Mas pense que o simples fato de ter dado início ao percurso já faz você estar dentro dele.
Antes você era da turma que olhava a corrida da linha de chegada, logo você passou a fazer o circuito andando, e logo conseguiu entrar no pelotão e ali está você, correndo. Você deixar de ser um corredor de fundo e deixar de enrolar, apenas depende do seu ajuste emocional e mental e de ter clareza dos valores que você escolheu.
7. Motive-se com imagens e cartazes
Há alguns anos uma professora acadêmica disse que desenhar alguns cartazes que tivessem estas mensagens iria nos motivar para não perder o rumo no estudo ou no trabalho. “Hoje estudo, amanhã não”… ou “Já pensou parar de sonhar e não passar? Então abaixe a cabeça e não pare”. Os resultados foram animadores para aqueles que os colocaram em prática.
Para temas pessoais, imagine que você está passando por um momento ruim com o seu companheiro amoroso e que vocês vão assistir a um espetáculo. Talvez seja uma boa ideia falar de tudo aquilo que está pendente, mas permita-se fazê-lo no dia seguinte e aproveitar o espetáculo. Pense: “Hoje aproveito, amanhã verei”.
Talvez aproveitar o momento possa amenizar as dificuldades, e com certeza as censuras ou dúvidas podem esperar outro dia, mesmo que seja o dia seguinte.
Créditos: A Mente é Maravilhosa