Você já usou uma peruca? E não vale aquela preto e branco da Mortícia usada em uma festa de Halloween dez anos atrás. Estou falando de cabelo humano real oficial. Bem, eu nunca tinha usado – e imagino que muitas pessoas, salvo aquelas que o fazem por necessidade, também nunca tenham. Isso até o momento em que decidi ser Kim Kardashian por um dia.
Foi tudo uma ideia espontânea, nem sei bem como me surgiu, mas a questão é que mergulhei de cabeça na experiência – cabeça essa que foi coberta por 40 cm de cabelo castanho escuro liso escorrido, coisa que não acontecia desde o Ensino Médio, quando fiz uma ou outra escova para ir à matinê de domingo. Enfim, foco: para completar o starter kit Kardashian, me embalei a vácuo com um Spanx™, colei um par de cílios postiços e refiz meu rosto com um belo contorno facial – admito que fazer um full face era o que mais me dava medo.
Mas isso não era o bastante. Para realmente abraçar o modo Kim de ser, elegi três looks-inspiração da musa dos reality shows para copiar. Começando por um longo de tricô justinho de gola rulê e mangas longas combinado a botas de plástico transparente (não me pergunte como ou por quê, apenas aceite que eu tenho esse par de sapatos no closet, ok? Ok). Bem basiquinha. Em seguida, um pouco de ousadia: coordenei body de renda (lingerie mesmo, comprado em alguma fast-fashion popular) com calças baggy Adidas de abotoadura lateral e meia-arrastão. Mas ainda não havia atingido meu ápice kardashiano.
Ele chegou ao fim do dia, quando as testemunhas eram poucas. Tirei minhas botas cuissard com amarrações do armário (de novo, não pergunte como ou por quê) e vesti o vestido mais curto, justo e decotado que encontrei. Para completar, uma jaqueta oversized acolchoada que dava toque street ao look fatal. Sim, eu andei para lá e para cá com uma malinha de roupa e me troquei no banheiro da redação. Não, não teve glamour.
Durante as 12 horas que passei no personagem (Kanita, muito prazer), me deparei por situações curiosas. Fugir do RH foi uma delas – convenhamos que Kim não segue as regras do dress code de escritório. Treinar o equilíbrio sobre três saltos diferentes também foi algo incomum, bem como “guardar” o cabelo na hora do almoço – era isso ou uma hidratação com azeite de oliva acidental. E a demora das pessoas em me reconhecer foi de gargalhar.
Mas nada se compara a ir ao banheiro vestindo o tal do Spanx™ (fun fact: ele tem uma abertura no meio das pernas para que você não precise ficar nua nafirma). É preciso escolher: ou você fica com uma bela silhueta de Photoshop ou se mantém hidratada com os dois litros diários de água recomendados.
É claro que de nada adianta toda a montação se o comportamento não acompanha. Entra aí a arte da selfie. Arte mesmo, sem ironia: o autorretrato perfeito é uma verdadeira obra prima. Minha fototeca é prova de que eu tentei, e muito. Elevador, banheiro, hall: não houve espelho intocado pelo obturador do meu celular. E foi assim até o fim do dia (que você acompanha em detalhes no fim da página).
Se há um veredito sobre o jeitinho Kim Kardashian de ser é que ele foi feito para – e somente para – as câmeras. O vento vai levar o cabelo pra sua boca. O Spanx vai te dar uma trabalheira na hora de fazer xixi. A peruca vai apertar a cabeça. E o investimento não será pouco: na Nilta Cabelos, a cabeleira custaria R$ 6.200 (elas gentilmente nos emprestaram para a pauta); o Spanx™ custa R$ 449,90 na Loungerie e o bastão de contorno, da quem disse, berenice?, está à venda por R$ 69,90. Isso sem contar todas as peças de acervo que eu usei durante apenas um dia e o tempo que levou para desmontar o carão. Haja paciência!
Créditos: Vogue