A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a criança fique em aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e, posteriormente, que seja mantido até, pelo menos, dois anos de idade. Isso pelas vantagens que o leite materno oferece à mãe, bebê e sistema de saúde e pelos perigos que a introdução precoce de alimentos pode trazer.
O leite materno é o alimento mais completo para criança, uma vez que oferece todos os nutrientes em quantidades adequadas para o seu desenvolvimento até os seis meses. Quando em aleitamento materno exclusivo, não é necessário que o bebê consuma água ou chás, uma vez que 100% da hidratação também fica garantida pelo leitinho da mamãe. Além disso, pelo seu alto poder imunológico, o leite materno protege a criança contra infecções, alergias, doenças respiratórias e diarréia. Por ter a sua composição totalmente adequada ao bebê, ele também protege contra diabetes, câncer na infância, melhora a resposta à vacinação e tem um papel no desenvolvimento do QI.
Você acha que acabou? Mamar no peito ajuda a criança a desenvolver os músculos da face, o que propicia atos como mastigação e fala, além de evitar os problemas ortodônticos e fonoaudiólogos associados ao uso de mamadeiras. Para a mamãe também existem vantagens importantes na amamentação: ela ajuda o útero a retornar ao tamanho normal, propicia perda de peso, aumenta as reservas de ferro, reduz o risco de câncer de mama e ovário, ajuda a retardar uma nova gravidez, reduz a depressão pós-parto e é bem mais prático e econômico do que ter que preparar a mamadeira.
Contudo, a maior vantagem de todas se dá mesmo ao binômio mãe/bebê: é a relação afetiva que aumenta a cada mamada! Que mamãe resiste ao rostinho do bebê coladinho na sua pele? Ao toque suave do carinho trocado durante a mamada, ou mesmo ao prazer de estar provendo, com seu próprio corpo, tudo que seu bebê precisa para crescer e se desenvolver? Isso acontece, também, por uma razão biológica: a produção do leite materno depende da tranquilidade e vínculo entre mãe e bebê, além, é claro, de que o bebê mame bastante para esvaziar as mamas e abrir espaço para uma nova produção!
No Brasil, pela cultura popular, campanhas de incentivo e atuação de profissionais comprometidos com o tema, nós temos um alto índice de crianças que são amamentadas pelo menos uma vez (e geralmente na sua primeira hora de vida), atingindo cerca de 90% dos nascidos segundo dados do Ministério da Saúde. Porém, quando se fala de duração do aleitamento materno é que percebemos o problema. Aparentemente, diversas razões levam às mães a fazer o desmame precoce (antes dos dois anos de idade).
Alguns fatores sociais influenciam bastante nesse desmame precoce, dentre eles estão: a inserção da mulher no mercado de trabalho (fazendo com que ela tenha que sair de casa e voltar a trabalhar e isso dificulte o processo de amamentação) aliada à licença maternidade insuficiente; desenvolvimento de fórmulas alimentares infantis; e a forte propaganda que as indústrias fazem dessas fórmulas, levando famílias a acreditarem, por vezes, que são uma opção melhor que o leite materno.
Entretanto, quando se atua na prática clínica com esse público, entende-se que a falta de preparo durante o pré-natal para o momento da amamentação é um fator determinante para que a mamãe decida parar de amamentar. E isso tem uma explicação muito simples.
Quando você estava lendo o início desse artigo, sobre as vantagens do aleitamento materno, tenho certeza de que leu várias coisas que já sabia, e algumas, possivelmente, foram novidades. Mas será que são só vantagens no aleitamento materno?
Bom, desvantagens, de fato, não existem. Mas existem, sim, dificuldades. A forma que o aleitamento materno é divulgado nas mídias, parece que será sempre fácil, sempre a família toda estará muito feliz, tranquila e sorridente e o bebê já nasce sabendo mamar! Só que não! Nada disso é verdade, e a falta de conscientização e quebra de tabus do tema pode deixar a mãe insegura, propensa a acreditar em mitos (como “meu leite é fraco”, por exemplo) e, assim, abandonar o aleitamento.
Amamentar em livre demanda (como é preconizado) cansa. Às vezes, a mama dói, o leite empedra, o mamilo racha, a criança tem dificuldade de sugar e é absolutamente normal que, nos primeiros dias após o parto, a produção de leite seja de apenas algumas gotas. Quando a mãe não é preparada para essas situações durante o pré-natal, quando elas acontecem a frustração é tão grande que torna-se praticamente impossível manter o aleitamento.
É por isso que, nesse dia das mães, esse artigo vem com um tom de empoderamento e respeito, e, acima de tudo, acolhimento e empatia. Em nenhuma das situações citadas anteriormente é necessário que a criança pare de mamar, pelo contrário, a amamentação ajuda a melhorar cada um dos sintomas. Porém, isso precisa ser feito com muito apoio, compaixão, paciência e empatia por parte de toda a família, uma vez que amamentar não é responsabilidade exclusiva da mãe.
E, para finalizar, é preciso dizer que em algumas (raras) situações, de fato, a amamentação é contraindicada por oferecer mais riscos que benefícios ao bebê. Isso acontece no caso de algumas doenças da mãe, como HIV, por exemplo, ou mães que fazem uso de drogas, entre outros casos. Ainda assim, uma mãe não é menos mãe por não poder amamentar, e a culpa não é um sentimento que cabe aqui! O importante é o amor, que vem com o cuidado diário, em família. E o respeito acima de tudo.
Quando nasce um bebê, nasce uma mãe! Seja ela quem deu a luz, ou quem vai criar a criança; mantenha ela o aleitamento materno, ou não. Onde há amor, há uma mamãe e um bebê de muita sorte! A propósito, feliz dia das mães!
Fonte: Mariana Olival – Nutricionista da NutriCoaching