Falecida em 2015, seu trabalho acompanhou, de maneira reservada, porém incisiva, aquilo que de mais importante se produziu em arte contemporânea nas últimas décadas, no Brasil e no mundo
“Antologia” propõe preservar, para o público de todas as gerações, para os jovens artistas e para as gerações futuras, um conjunto amplo da obra da artista
O Museu Nacional de Brasília recebe, de 6 de fevereiro a 31 de março a exposição ANTOLOGIA – NILCE EIKO HANASHIRO, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Gladstone Menezes. Trata-se de uma grande retrospectiva da carreira de uma das mais expressivas artistas de Brasília, cuja obra é múltipla, diversa e plena de singularidades. Seu trabalho acompanhou, de maneira reservada, porém incisiva, aquilo que de mais importante se produziu em arte contemporânea nas últimas décadas, no Brasil e no mundo. A mostra é realizada por meio do Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura do DF (FAC) sob a coordenação da Tuia Arte e Produção. Entrada franca.
Falecida em 2015, Hanashiro deixou um imenso acervo que incluem desenhos, fotografias, objetos, instalações , registros de performances produzidos ao longo de quatro décadas. Quase todo esse material foi doado pela família da artista ao amigo de longas datas Gladstone Menezes, um dos curadores da exposição. “Sou amigo da Eiko e da família desde a década de 1970 e pude acompanhar grande parte de sua carreira, principalmente após o final da década de 1980, quando ela trocou o desenho pelas linguagens mais contemporâneas. Todo o material ficou sob minha responsabilidade e futuramente fará parte do acervo de museus e instituições em Brasília, Rio de Janeiro e Curitiba”, conta.
Antologia propõe preservar, para o público de todas as gerações, para os jovens artistas e para as gerações futuras, um recorte amplo da obra da artista, registrando a importância histórica da trajetória e sua marca no cenário artístico e cultural de Brasília.
O curador Fernando Cocchiarale, crítico e professor de arte no Rio de Janeiro, e Gladstone Menezes selecionaram mais de 300 trabalhos do diversificado acervo, no qual estão desde os primeiros esboços de desenhos, feitos na década de 1960, até os registros de performances e reconstituição de objetos e instalações, já da primeira década dos anos 2000. Algumas obras de características efêmeras foram recriadas especialmente para a mostra. “A exposição é um resumo da produção da Eiko nas linguagens do desenho, da performance e objetos e instalações, que ela produziu ao longo de 45 anos de trajetória”, conta Gladstone.
Além das obras propriamente ditas, Antologia é composta por documentos, como fotografias de viagens, negativos fotográficos, diplomas e certificados e alguns objetos pessoais. Todo esse acervo foi digitalizado, catalogado e fichado, resultando, também, em um rico material de pesquisa. “Para escapar do didatismo das categorizações, a linha curatorial buscou integrar as obras de maneira a ressaltar a unidade que, a despeito da aparente multiplicidade, a artista buscou, obsessivamente, em sua trajetória”, explica Gladstone.
Eiko era nissei, e sempre questionou a dualidade de suas raízes – brasileira e japonesa. Os temas abordados pela artista são suas origens e as dúvidas e questionamentos decorrentes, tais como religiosidade, sexualidade, heranças aquisições culturais. As questões femininas são amplamente abordadas, em instalações como Corpo ficcional e, especialmente “Noivos”, nas quais a artista faz ressaltar a expressão de tristeza nos rostos de todos.
Outro destaque da Antologia é a instalação “Fonte”, ou “O laranja” (dois títulos encontrados nos registros da artista, que raramente nomeava seus trabalhos). A obra é reconstituída a partir de registros fotográficos. Trata-se de um círculo com 2,5 metros de diâmetro, forrado com tule e cetim em tons de laranja e dourado e flores de tecido gigantes, e ganchos de açougueiro, suspenso por cabos de aço e flutuando a alguns centímetros do chão.
Paralelamente, aGaleria de Curators (SCLN 412, Bloco C, Loja 12) promove, de 17 a 31 de março a Homenagem a Nilce Eiko Hanashirocom a participação dos artistas Gisel Carriconde Azevedo, Laura Franz-Grijal, Mariana Destro, Thalita Perfeito e Yná Kabe Rodríguez.
Fonte: Divulgação