Mamografia e ultrassonografia auxiliam no diagnóstico, mas conhecer o próprio corpo e fazer o autoexame é fundamental
O mês de outubro está chegando e com ele as campanhas de conscientização da prevenção ao Câncer de Mama, doença que atinge mais de dois milhões de mulheres em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Somente no Brasil, todos os anos são 60 mil novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
As causas do câncer de mama variam. “O sexo feminino possui maior risco em comparação com o sexo masculino. Tem também a questão do histórico familiar, obesidade, etilismo, uso de terapia de reposição hormonal e tratamento com radioterapia previamente. Porém, é um tumor curável em até 95% dos casos se detectado na fase inicial, sendo o diagnóstico precoce fator de grande importância para a cura”, explica o oncologista do Hospital do Câncer Anchieta (Hcan), Dr. Marcos França.

Boa parte da sociedade médica sugere que a idade para início da realização do exame é entre 40-45 anos. Mulheres que tenham casos de câncer de mama na família, o rastreamento deve começar antes. “É importante mencionar que para a adequada realização do exame, é importante que a mulher já tenha passado da faixa etária quando as mamas são mais rígidas ou densas, que ocorre antes dos 40 anos. Nestas mulheres, em função da mama ser mais densa, a mamografia pode não realizar a avaliação adequada do tecido mamário. Além disso, a incidência de câncer de mama ocorre com maior frequência em mulheres a partir da 5ª década de vida”, alerta o oncologista.

Para ajudar no diagnóstico precoce, o autoexame pode ser um dos aliados. Aproximadamente 80% dos tumores de mama são descobertos pela próprias mulheres, e 95% dos casos podem ser curados se descobertos precocemente. Já em consultório, outros exames ajudam na precisão. “O rastreamento pode detectar a doença antes do surgimento de sintomas, bem como reduz a incidência e/ou mortes relacionadas ao câncer, auxilia a determinar o tratamento mais adequado para cada caso e aumenta o número de cirurgias com melhores resultados estéticos. Existem modalidades de imagem na mama que permitem atingir essas propostas, como a mamografia e a ultrassonografia (ou ecografia)”, explica o radiologista e especialista em imagem da mama do Anchieta Diagnóstico, Dr. Pedro Felipe Coelho Alvarenga.

Diferença entre os exames


A mamografia é a radiografia (raio X) da mama, considerada a ferramenta mais eficiente na detecção precoce do câncer de mama. “A dosagem de radiação utilizada em um exame anual é muito baixa e seus benefícios superam os possíveis riscos. Geralmente, é indicada para mulheres assintomáticas entre 40 e 69 anos e não costuma ser utilizada em mulheres mais jovens devido a maior densidade de tecido mamário nesse grupo, o que pode afetar a sensibilidade do exame em detectar certas alterações. Ainda assim, pode ser uma complementação diagnóstica para mulheres abaixo de 40 anos, principalmente no caso de aparecimento de sintomas na mama, como dor mamária, alterações percebidas durante a palpação (como nódulos ou retração da pele), surgimento de secreção ou alterações nos mamilos”, acrescenta o Dr. Pedro Alvarenga.

Já a ultrassonografia é uma modalidade que utiliza a onda de som (que não é percebida pela audição humana) para produzir imagens das estruturas internas da mama. “É um exame livre de radiação, realizado por um médico radiologista e usado para diagnóstico quando aparecem alguns sinais. Além disso, complementa as alterações vistas na mamografia, como, por exemplo, determinar se um nódulo é sólido ou preenchido por líquido (cisto)”, afirma o radiologista do Anchieta Diagnósticos.

Então qual a diferença entre os dois exames? “A mamografia pode se tornar um exame desconfortável e expõe, mesmo que muito baixa a dose, a paciente à radiação. Já a ultrassonografia é melhor na detecção de algumas anormalidades. A razão da mamografia anual ser preferida à ultrassonografia se baseia em como cada tecnologia funciona, seus benefícios, capacidades e limitações de cada um. Entretanto, não significa que a ultrassonografia não fará parte da rotina de exames. O melhor é avaliar e seguir a orientação de acordo com o pedido do especialista em Mastologia”, conclui Dr. Pedro Alvarenga.

Novos medicamentos com menos efeitos colaterais

Um novo tratamento quimioterápico chamado de T-DM1 para o câncer de mama agressivo apresenta menos efeitos adversos e tem comprovação de eficácia com redução de 50% do risco de recorrência e morte em pacientes. “Ele é uma associação de um anticorpo monoclonal, ou seja, uma droga nova na qual o trastuzumabe é ligado ao emtansine que causa a morte das células cancerígenas. Esta medicação já era usada no tratamento do câncer de mama do tipo HER2-positivo, na fase metastática da doença.  Agora foi liberada pela Anvisa para o tratamento do câncer de mama avançado, que para ser operado foi indicada realizar quimioterapia antes da cirurgia”, acrescenta a oncologista do Hcan, Dra. Regina Hercules Vidal.

Ao contrário da quimioterapia convencional administrada de forma sistêmica e que pode agir em todas as células do organismo, a quimioterapia do T-DM1 é liberada seletivamente no interior das células cancerígenas. Esse processo diminui os efeitos colaterais sistêmicos que são incomodo para as mulheres, como queda de cabelos, fraqueza, náuseas e vômitos. “Além de ter menos efeitos, o T-DM1 proporciona melhora da qualidade de vida dessas mulheres. No estudo Katherine, em três anos, 88,3% das pacientes tratadas não tiveram retorno do câncer de mama ou morte comparados a 77% tratadas com a terapia padrão anterior”, afirma a oncologista.

Autoexame

Em frente ao espelho: Posicione-se observando os dois seios, primeiramente com os braços ao longo do corpo e depois coloque as mãos na cintura fazendo força, isso vai movimentar o músculo peitoral. Veja se ocorre alguma modificação na pele ou nos mamilos. Coloque as mãos atrás da cabeça e observe o tamanho, posição e forma do mamilo. Pressione levemente o mamilo e veja se há saída de secreção.

No banho: Levante o braço esquerdo e apoie-o sobre a cabeça. Com a mão direita esticada, examine a mama esquerda. Divida o seio em faixas, use um pouco de sabão para deslizar os dedos e analise devagar cada uma dessas faixas. Sinta a mama com movimentos circulares, de cima para baixo. Repita os movimentos na outra mama.

Deitada: Coloque uma toalha ou uma almofada debaixo do ombro esquerdo, para ficar mais confortável, sinta o seio direito com movimentos circulares, fazendo uma leve pressão. Apalpe a metade externa da mama, área mais consistente e depois examine as axilas. Repita o mesmo procedimento na mama esquerda. Inverta o procedimento para a mama esquerda.

Fonte: Divulgação