Um pequeno estudo realizado com 27 fetos com idades entre 20 e 37 semanas mostrou que o consumo de álcool pela mãe durante a gestação pode afetá-los e as crianças, futuramente, terem dificuldade de desenvolvimento e aprendizagem.
Pela primeira vez, especialistas analisaram os fetos para observar o impacto do consumo de álcool pela mãe durante seu desenvolvimento neural. A conclusão do trabalho foi apresentada por pesquisadores da Universidade Médica de Viena (Áustria) no congresso anual da Sociedade Radiológica da América do Norte.
O autor do estudo Gregor Kasprian explicou em um comunicado que ele e seus colegas “queriam ver o quão cedo é possível encontrar mudanças no cérebro fetal como resultado da exposição ao álcool.”
Como foi feito o estudo
Os especialistas usaram imagem de ressonância magnética funcional para escanear o cérebro dos 27 fetos com idades entre 20 e 37 semanas que foram expostos ao álcool, além de 36 outros fetos no grupo controle que não haviam sido expostos ao consumo.
Eles analisaram o volume total de 12 regiões diferentes do cérebro, pintando um quadro do efeito do álcool em diferentes áreas.
Quais foram os resultados
Em comparação com o grupo controle, os resultados indicaram que os fetos expostos ao consumo de álcool através das mães tinham hipocampos maiores, enquanto o corpo caloso —que conecta os dois hemisférios do cérebro— também estava aumentado.
A alteração do corpo caloso pode explicar por que os distúrbios do espectro do álcool fetal estão associados a anormalidades estruturais em ambos os hemisférios.
Segundo os especialistas, a exposição ao álcool leva à diminuição do volume na zona periventricular. Também foram observadas mudanças estruturais significativas nas principais regiões do cérebro, incluindo o hipocampo e a matriz germinativa, que é onde as células cerebrais são geradas durante o desenvolvimento fetal inicial.
Depois de gerados, todos esses neurônios migram para outras partes do cérebro, portanto, um afinamento dessa estrutura fundamental é uma descoberta alarmante.
O hipocampo, por sua vez, tem um papel central na aprendizagem, memória e regulação emocional, por isso, é possível que crianças com essas condições tenham dificuldades de aprendizagem ou problemas comportamentais.
Outros estudos pós-natal indicaram que bebês com transtornos do espectro alcoólico fetal —resultantes do consumo de álcool durante a gestação— tendem a ter hipocampos aumentados.
“Embora mais pesquisas sejam necessárias para descobrir todas as implicações das descobertas da equipe, os exames revelam o fato de que a exposição ao álcool durante a gravidez coloca o cérebro em um caminho de desenvolvimento que diverge de uma trajetória normal”, disse Kasprian, um dos autores do estudo.
Vale ressaltar que não existe nenhuma dose de álcool estipulada que seja comprovadamente segura e, por isso, os especialistas recomendam que a gestante se mantenha sem consumir qualquer quantidade de álcool durante toda a gravidez.
Fonte: Uol