Doença tem maior incidência no verão e pode levar à metástase, mas é tratável e curável

 

O verão é um período de muitos alertas para os tutores de cachorros. Além da preocupação com a hidratação e proteção da pele, é preciso ficar atento à contaminação do tumor venéreo transmissível canino (TVT).

Com maior incidência nos meses quentes e de primavera, a doença se trata de um tumor maligno contagioso, que acomete principalmente animais jovens, errantes e sexualmente ativos. Isso porque ataca os órgãos da genitália, como pênis e vagina, e é transmitida horizontalmente de um cão para outro através do contato direto com o tecido tumoral.

No entanto, de acordo com a médica-veterinária Marília Olea, especialista em oncologia, outros órgãos podem apresentar os nódulos vermelhos como sintoma do TVT.

“Como o TVT é transplantável, mesmo um animal castrado pode ser contaminado. Ele pode cheirar ou lamber a vagina da cachorrinha que estava com o tumor e apresentar o TVT na boca, nariz ou língua. Além disso, a metástase pode ocorrer em vários lugares além da pele, como no cérebro, nos órgãos torácicos e abdominas, nos linfonodos e no globo ocular”, diz a especialista.

Sintomas

A Dra. Marília explica que os nódulos avermelhados são sintomáticos da condição, mas podem demorar a aparecer na parte externa do órgão genital.

“Por isso, o tutor não o percebe quando ele está no prepúcio ou na parte interna da vagina. Quando o tumor começa a crescer, passa a liberar uma secreção sanguinolenta. Pode ser um líquido mais transparente ou sangue mesmo que sai das genitálias e pode apresentar forte odor. Além disso, o animal pode ter sangue na urina e ficar incomodado, tentando lamber o pênis e a vagina. Esta secreção sanguinolenta e a lambedura insistente na região genital podem ser os primeiros sintomas do TVT”, afirma.

Nódulos vermelhos na região genital e lambedura constante podem indicar presença de TVT; diagnóstico é feito a partir de exames como citologia (Foto: Unsplash/ CreativeCommons/ Egor Myznik)
Nódulos vermelhos na região genital e lambedura constante podem indicar presença de TVT; diagnóstico é feito a partir de exames como citologia (Foto: Unsplash/ CreativeCommons/ Egor Myznik)

Ao perceber os indicativos, o tutor deve encaminhar imediatamente o animal ao veterinário, pois apenas o sangue no xixi e o incômodo do bicho podem ser confundidos com cistite, quando, na verdade, trata-se de um tumor.

O diagnóstico pode ser feito através de uma citologia – exame simples que dispensa anestesia – e eventuais testes complementares para confirmação da doença.

Prevenção e tratamento
A castração é a melhor forma de prevenção contra o TVT canino (Foto: Unsplash/ CreativeCommons/ Kindred Hues Photography)
A castração é a melhor forma de prevenção contra o TVT canino (Foto: Unsplash/ CreativeCommons/ Kindred Hues Photography)

Já a principal forma de prevenção de TVT canino é a castração de machos e fêmeas, incluindo no procedimento os animais de rua, com os quais o pet pode interagir.

“A incidência da doença é a maior na primavera e verão porque os fatores ambientais, como temperatura e exposição solar, afetam o ciclo reprodutivo das cadelas. Ainda não existe vacina profilática para TVT. Por ser uma doença venérea, a forma mais eficaz de prevenção, além da castração, é a posse responsável, mantendo sempre a supervisão do seu pet, não permitindo o livre acesso à rua”, diz a Dra. Karine Germano, médica-veterinária e também especialista em oncologia.

Segundo ela, uma vez que o animal é diagnosticado com TVT, é importante iniciar o tratamento com quimioterapia. “A escolha se mostra eficaz em até 90 % dos casos. Outras formas de tratamento podem ser indicadas nos casos em que os tumores sejam refratários à ação da quimioterapia, como, por exemplo, cirurgia, eletroquimioterapia e radioterapia”, explica.

Chances de cura
Pandora foi uma das pacientes de TVT da Dra Marília Olea. Resgatada de maus tratos, apresentava xixi com sangue, o que levou à desconfiança de cistite. Mas depois de alguns exames, fechou-se o diagnóstico de TVT. Pandora fez cinco sessões de quimioterapia com a Dra. Marília. O tratamento terminou em setembro e, em dezembro, ela já estava saudável e feliz como mostra a foto  (Foto: Marília Olea/ Arquivo Pessoal)
Pandora foi uma das pacientes de TVT da Dra Marília Olea. Resgatada de maus tratos, apresentava xixi com sangue, o que levou à desconfiança de cistite. Mas depois de alguns exames, fechou-se o diagnóstico de TVT. Pandora fez cinco sessões de quimioterapia com a Dra. Marília. O tratamento terminou em setembro e, em dezembro, ela já estava saudável e feliz como mostra a foto (Foto: Marília Olea/ Arquivo Pessoal)

A palavra “quimioterapia” pode causar susto frente às referências do tratamento com humanos. No entanto, Dra. Marília diz que, embora se trate de um tumor maligno com chances de metástase, é também extremamente responsivo ao tratamento.

“As pessoas têm muito preconceito com a quimioterapia, mas, em alguns casos, nem se percebe que o paciente está em quimioterapia porque ela não tem efeitos colaterais importantes. Os cães são super resistentes e toleram muito bem esses tramentos. É completamente diferente daquela coisa que se vê com os humanos”, diz.

A Dra. Karine acrescenta que “o diagnóstico precoce e o tratamento administrado e conduzido de forma correta em relação às doses do quimioterápico e intervalo entre as sessões podem fazer diferença no prognóstico e nas chances de cura definitiva do paciente”.

Fonte: Revistacasaejardim