O que fazer para não cometer nenhuma gafe ou desrespeitar a cultura do Catar, se você pensa em assistir aos jogos no país da Copa
Definidos nesta sexta-feira os Grupos da Copa de 2022, hora de quem pensa em assistir aos jogos no país do Mundial de futebol dar início aos preparativos da viagem. E isso inclui ficar atento a algumas dicas úteis. Pela primeira vez na história, a competição será jogada no Oriente Médio, então é preciso ter cuidado com o que fazer no Catar para não cometer nenhuma gafe ou desrespeitar a cultura local.
Rico em recursos naturais, e um dos maiores produtores de gás e petróleo do mundo, o Catar tem feito pesados investimentos para se consolidar também como destino turístico na região. A cartilha seguida lembra a de Dubai, imã de viajantes brasileiros interessados em hotéis de luxo, resorts pé na areia, compras (dos tradicionais souqs às grifes) e atrações superlativas, como a roda-gigante e o prédio mais altos do mundo, ícones da cidade nos Emirados Árabes Unidos.
A exemplo do que ocorre com seu vizinho no Golfo Pérsico, a modernidade é sanha desenvolvimentista do Catar, primeiro país do mundo a introduzir o 5G comercial e onde o wi-fi é gratuito em muitos locais públicos, incluindo shoppings, restaurantes e parques. A despeito de todos os avanços tecnológicos, o conservadorismo se faz fortemente presente nos costumes.
Fique atento, então, as informações a seguir, que contam também com dicas do jornalista Mauro Cezar Pereira, que é especializado em Esportes e esteve em duas ocasiões no país.
Beijo, abraço e aperto de mão estão suspensos
O brasileiro que visitar o Catar precisa ter em mente que homens não devem tocar ou estender a mão a uma mulher catari. Ainda que ela faça esse gesto primeiro, muitos preferem não apertar a mão em sinal de respeito.
O uniforme ideal para enfrentar o calor na Copa
O clima no Catar é desértico e o sol se faz presente o ano inteiro, que se resume a duas estações. No verão (maio a outubro), os termômetros podem atingir os 50°C. Por essa razão, a Copa do Mundo de 2022 vai ser realizada de 21 de novembro a 18 de dezembro, durante o período de inverno, quando as temperaturas costumam oscilar entre 15° e 25°C e a chuva não chega a 15mm.
O clima mais ameno durante o Mundial não deve ser problema para o torcedor. A dica para enfrentar eventuais dias de calor é usar roupas leves, de tecidos soltos e que facilitem a transpiração. Porém, o código de vestimenta no Catar não vê com bons olhos roupas curtas ou decotadas. Para homens e mulheres, é recomendado o uso de peças que cubram ombros e joelhos. Portanto, fique atento ao traje para não virar um ultraje.
É comum ver mulheres vestindo o nijab, tradicional véu que cobre o rosto, deixando somente os olhos à mostra. A cena pode causar estranhamento, mas a curiosidade deve ser deixada de lado, recomenda Mauro Cezar Pereira. “Na época, me alertaram sobre a importância de evitar olhar para essas mulheres, a fim de não gerar problemas”, diz.
O Catar é um país muçulmano onde a religião islâmica norteia o cotidiano da maioria dos seus 2,7 milhões de habitantes, que param cinco vezes durante o dia para fazer orações e tem no Ramadã o seu mês sagrado, como explicamos neste vídeo da série Jornalismo de Viagem. Móvel, a data da celebração em 2022 compreende o período de 1º de abril a 1º de maio.
Sem direito à ‘parada técnica’ para hidratação
Diferentemente do que se viu nos mundiais do Brasil (2014) e da Rússia (2018), seleções e torcedores não vão ter de enfrentar grandes deslocamentos a cada jogo da Copa do Mundo de 2022, uma vez que o país é pequeno. O Catar se espalha por 11.610 km², território que só supera o Distrito Federal aqui no Brasil.
No Brasil, a Fifa e um de seus patrocinadores conseguiram liberar a venda de cerveja dentro dos estádios sem sofrer muita canseira. Já o atual comitê organizador faz jogo duro. Afinal, a regra é clara no país. “O álcool não faz parte da cultura do Catar, mas estará disponível em áreas designadas”, explica o site oficial do torneio, e acrescenta: “a Fifa trabalhará com o Comitê Organizador para buscar uma solução que satisfaça a todos os envolvidos.”
Estrangeiros residentes no Catar precisam de autorização para comprar e consumir álcool em suas casas. Bares e restaurantes de hotéis têm permissão para servir bebidas, mas ninguém pode abrir uma latinha ou garrafa e sair pela rua sem sofrer punição. O mesmo vale para fumar em espaços públicos. Infratores pagam multas que variam entre 1.000 e 3.000 rials (de R$ 1.300 a R$ 3.900).
Jogar com liberdade não é muito comum
Emirado comandado com mãos de ferro pela família Thani desde meados do século 19, o Catar é sempre muito criticado pela falta de liberdade de imprensa. Mauro Cezar Pereira relata as dificuldades de trabalho encontradas em uma de suas passagens pelo país, ao lado do também jornalista João Castelo Branco. A dupla foi impedida de gravar na rua por seguranças de um prédio aparentemente sem importância, cujo pedaço da fachada apareceria diante da câmera da TV.
Em uma outra ocasião, os jornalistas estavam no Souq Waqif, um dos principais pontos turísticos da capital, Doha, quando dois homens não identificados se aproximaram deles. Estavam à paisana, como se fossem de alguma polícia especial, conta Pereira. “Nos abordaram e disseram que não podíamos fazer o nosso trabalho ali, foi bem estranho também”, diz.
O site oficial do turismo do Catar não faz menção quanto ao uso de câmeras e celulares nas ruas. Na dúvida, informe-se com alguma autoridade local.
Fonte: Catraca Livre