À coluna, o médico Tercio Rocha explica como as células-tronco podem auxiliar em tratamentos de saúde
Você já se perguntou o que faz o cabelo e as unhas voltarem a crescer depois de serem cortados? Por que tomamos banho diariamente e a pele não desgasta? Todos esses processos se devem as células-tronco, unidades biológicas capazes de regenerar o corpo.
De acordo com o médico endocrinologista Tercio Rocha, especialista em medicina regenerativa e anti-aging, a fecundação dos seres humanos vem dessas células e estamos vivos “graças à capacidade de reestruturar todo e qualquer órgão o tempo todo”.
“Tecido nervoso, renal, pulmonar, cardíaco, muscular, vascular, ou seja, toda e qualquer estrutura que temos no nosso organismo pode ser regenerada pelas células-tronco. Logo, toda e qualquer patologia, como doenças inflamatórias, degenerativas, necrosas e sofrimentos celulares, podem ser tratados com essas unidades biológicas”, explica o membro fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Estética (SBME).
Entre os tratamentos que elas podem auxiliar está o de reduzir as linhas de expressão que aparecem com a chegada dos anos.
Tercio explica que o organismo é composto por trilhões de células-tronco desde o dia em que nascemos, mas, com o passar dos anos, esse número vai caindo.
“Dos 2 anos de idade até o dia que paramos de crescer, elas ainda tem um número realmente imenso, e começa a declinar. A partir dos 19 anos, quando acabamos de crescer até a nossa maturidade, perdemos uma quantidade expressiva de células-tronco, bem como a sua pujança”, elucida.
Com essa diminuição franca e abrupta, a terapia regenerativa pode ser uma grande aliada, à medida que a idade avança. “A partir dos 25 anos, elas começam a cair vertiginosamente, então, a reposição estratégica é capaz de repor esses estoques freando em um percentual muito grande o nosso grau de envelhecimento”, explica o médico graduado pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
O expert acrescenta que essa terapia endovenosa — ministrada diretamente na veia — é “extremamente estratégica e inteligente”, porém, precisa ser alinhada com hábitos de exercícios físicos, dieta, sono regulado, hidratação e suplementação adequadas.
Como as terapias regenerativas são feitas?
As aplicações devem ser feitas em hospital ou clínicas especializadas e podem ser introduzidas, segundo Rocha, de duas maneiras: locais ou sistêmica.
“Nas locais, por exemplo, se eu quero regenerar a minha face posso aplicar 100 milhões no lugar, se quero regenerar o meu joelho, posso aplicar 30 milhões de células-tronco em cada um. Na sistêmica, o número de células vai depender da idade, da altura, do peso, e das situações de comorbidade, como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão, problemas articulares, dores, entre outros”, esclarece.
Na maioria dos casos, a técnica sanduíche é a mais usada no tratamento. “A aplicação via venosa é feita para que haja um efeito de dentro para fora e de fora para dentro, fazendo um ‘sanduíche de células’ e uma regeneração ampla e total de todas as estruturas do tecido que visa tratar”, diz Tercio.
Para as terapias, podem ser utilizadas células-tronco autólogas do tecido gordurosos que, segundo o especialista, tem um terço da nossa idade e, no geral, já perderam parte da sua força e capacidade de regeneração total. A melhor opção são as retiradas da primeira porção do cordão umbilical de bebês recém-nascidos.
“São extremamente seguras, catalogadas e de pujança máxima, porque são as de 0 dias, aquelas capazes de transformar o que era uma célula em indivíduo completo. São consideradas as ‘Ferrari’ das células-troncos”, explana o membro da Sociedade Francesa de Medicina Estética desde 1992.
A aplicação, segundo o endocrinologista, é simples, e o indivíduo deve estar com o PH sanguíneo estável.
É necessário que o paciente faça alguns exames de sangue e de imagem para afastar qualquer possibilidade de câncer. “Se não houver tumor sólido em atividade não há contraindicação para aplicar células-tronco. Todo e qualquer pessoa, independente da idade, do sexo, do tamanho, da altura e do peso, pode fazer”, esclarece.
Evitar a má alimentação, cigarro e uso de drogas são fundamentais. “Uma vez respeitado esses parâmetros, consumindo bastante líquido, uso de suplementos alimentares e com seus hormônios em dia, o método pode ser feito”, pondera.
Tratamento de outras doenças
Como explicado pelo profissional, todos nós estamos vivos por conta dessas unidades biológicas que se regeneram diariamente, pois o corpo é formado por tecidos vivos.
“Quando acabam os estoques das células-tronco, recebemos o diagnóstico que nos assusta, que é a falência múltipla de órgãos, porque não existe mais o que regenerar”, enuncia.
Alzheimer, autismo, síndromes pós-Covid, perda de massa muscular, cansaço, fibromialgia, depressão, insônia e várias situações clínicas estão entre os tipos de enfermidades que podem ser tratadas com as células-tronco. “A única função delas é regenerar as estruturas presentes em nós que se encontram inflamadas ou em processo de degeneração ou em processo necrótico”, afirma Tercio à Coluna Claudia Meireles.
Fonte: Metrópoles