Os sintomas motores evoluem mais lentamente entre as pessoas com Parkinson que praticam tai chi em comparação aos não praticantes

Praticar tai chi duas vezes por semana pode ajudar a atrasar o aparecimento e a progressão dos sintomas do Parkinson, afirmam pesquisadores da Universidade Jiao Tong de Xangai, na China.

A nova evidência sobre os benefícios da atividade física foi publicada nesta segunda-feira (30/10), no BMJ Journal of Neurology, Neurosurgery, and Psychiatry. Este é o primeiro estudo a demonstrar os efeitos a longo prazo do treino de tai chi, com média de 4,3 anos de observação.

“O thai chi é um exercício físico seguro. Observamos que o treinamento a longo prazo pode manter o efeito benéfico na doença de Parkinson, enquanto estudos anteriores observaram apenas uma melhora temporária nos sintomas motores. Mostramos que o exercício e outros tratamentos de reabilitação podem alcançar alguma forma de neuroproteção e serão um complemento importante aos tratamentos medicamentosos”, afirmam os autores no trabalho no texto que relata os resultados.

O tai chi é uma arte marcial milenar chinesa, praticada com movimentos lentos e em silêncio. Estudos anteriores já traziam evidências de que esse tipo de treinamento contribui com o equilíbrio físico e mental dos praticantes.

O Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva. Os sintomas motores são os mais expressivos. Eles incluem tremores, rigidez muscular e dificuldades de coordenação e equilíbrio.

Efeitos do tai chi no tratamento do Parkinson

No novo estudo, os pesquisadores examinaram a evolução da saúde de 330 pessoas diagnosticadas com Parkinson. Destas, 143 praticavam tai chi duas vezes por semana durante uma hora e 187 – o grupo controle – não praticavam.

Todos os participantes foram avaliados em janeiro de 2016, em novembro de 2019, outubro de 2020 e junho de 2021.

Ao medir a progressão dos sintomas, o movimento e o equilíbrio dos participantes, os pesquisadores constaram que a doença evoluiu mais lentamente entre as pessoas que praticam tai chi.

Os indivíduos fisicamente ativos também tiveram menos quedas, menos episódios de dores nas costas e tonturas, bem como apresentaram menos problemas de memória e de concentração. Os indicadores também mostraram melhor qualidade do sono.

“O tai chi poderia melhorar os sintomas motores e não motores de forma eficaz e segura, o que indica que o treinamento combinado com a terapia medicamentosa poderia trazer melhorias mais abrangentes e, portanto, poderia atrasar a demanda por aumento da terapia medicamentosa”, defendem os pesquisadores.

Os cientistas reconhecem que o estudo tem limitações, como o número reduzido de participantes. Estudos com grupos maiores e de longo prazo são necessários.

 

Fonte: Metrópoles