Muitas dúvidas ainda cercam os veículos eletrificados, principalmente sobre bateria e vida útil após alguns anos de uso
As dúvidas a respeito do funcionamento, da recarga, da bateria e, principalmente, da vida útil de um carro elétrico ainda pairam sobre a cabeça de quem quer entrar nesse mundo. Para (tentar) acabar com algumas delas, levamos um JAC e-JS1 com 120 mil quilômetros no hodômetro para avaliação na oficina Hybrid Cars, em São Caetano do Sul (SP), especializada em veículos híbridos, elétricos e movidos a GNV (gás natural veicular).
Começando pelo tema que mais dá dor de cabeça, Matheus Henrique, engenheiro elétrico e proprietário da oficina, esclarece que a vida útil de uma bateria é medida pelo km rodado e é igual à de um smartphone. “Vai muito do uso do veículo. Mas podemos esperar que esse carro tenha perdido 20% de sua capacidade de armazenamento, por exemplo”, diz.
Sobre os agregados, vale lembrar que um carro elétrico tem menos equipamentos. Por isso, a manutenção é bem mais simples. E essa é uma vantagem em relação aos carros a combustão. “Pastilhas e discos de freio estão próximos da troca. Ao que tudo indica, nunca foram mexidos desde a venda do carro. Mas isso é comum em elétricos por causa da regeneração de energia, que acaba desacelerando o carro e não usa tanto o sistema de freio”, esclarece o especialista.
O alerta vai para a manutenção preventiva, que deve ser feita sempre com revisões periódicas. “É importante revisar pneus a cada 10.000 km e freios a cada 30.000 km ou 40.000 km, principalmente para reapertar travões da frenagem regenerativa, que podem afetar o funcionamento do veículo”, explica.
De maneira geral, o carro mostra sinais de desgaste — as rodas com boas pegadas de meio-fio, as maçanetas que perderam a tinta, o carregador por indução raspado pelo uso e até mesmo o carpete bem marcado.
“Deu para ver que é um carro bem usado, mas que está com um motor que não foi desmontado e suspensões boas. Apenas o sistema de tração é que está vazando”, avalia. Questionado sobre o problema, o engenheiro afirmou que “em um carro com 120.000 km é comum ter um vazamento depois de um tempo se não há revisão, sempre com reaperto de parafusos, anéis de vedação de fluidos” .
A assessoria da JAC Motors conta que todas as 11 revisões entre 10.000 km e 110.000 km foram feitas na concessionária. E que, desde quando o veículo foi comprado de um cliente, nenhuma peça foi trocada, apenas reapertos foram feitos.
Esses ajustes não passaram despercebidos na avaliação realizada na oficina, já que a suspensão e outros conjuntos não tinham folga. O vazamento é que preocupou o proprietário da oficina. “É necessário abrir essa peça para entender de onde está vazando a mistura de óleo e graxa para, então, corrigir.”
No entanto, ele afirma que, considerando os 120.000 km rodados, o JAC E-JS1 está “com uma condição dentro do que é esperado”, o que é uma boa notícia para quem tem pé atrás com carros elétricos.
Fonte: AutoEsporte