Baixa umidade do ar pode irritar parede interna do nariz, além de desencadear problemas respiratórios, ressecamento da pele e outros sintomas físicos
Uma nova onda de calor atinge o Brasil nesta semana, mantendo o ar seco e o tempo quente. Segundo a Climatempo, a umidade do ar pode variar entre 20% e 12%, com algumas regiões abaixo deste valor. Em São Paulo, por exemplo, a qualidade do ar foi classificada entre ruim e muito ruim, segundo a Companhia Ambiental do estado de São Paulo (Cetesb), nas zonas Leste e Norte. Entenda abaixo como o tempo seco afeta o corpo humano.
Para além das questões climáticas, o tempo seco e as altas temperaturas decorrentes das ondas de calor podem desencadear problemas respiratórios, de acordo com o médico otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros, especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.
As recentes queimadas, como as que atingem a região amazônica e cidades do interior de São Paulo, também podem causar riscos à saúde.
“Isso acontece porque o tempo fica ainda mais seco com a fumaça liberada pelas queimadas recentes, que ainda são compostas por uma mistura de gases tóxicos e partículas finas que, quando inaladas, podem penetrar profundamente nas vias respiratórias”, explica o médico.
O que o tempo seco causa no organismo?
O tempo seco pode ressecar as mucosas do nariz, garganta e pulmões, causando sintomas como dificuldade para respirar e tosse, além de aumentar crises de asma e bronquite, de acordo com Tatiana Buainain, clínica geral do Hospital Santa Paula. Além disso, a rinite alérgica costuma ganhar força diante da baixa umidade do ar, causando coceira frequente no nariz e/ou nos olhos, espirros frequentes, coriza e obstrução nasal.
Sangramentos nasais espontâneos também podem ocorrer em alguns casos. Isso acontece porque o tempo seco torna as paredes internas do nariz mais frágeis, deixando-as mais suscetíveis a fissuras e sangramentos, segundo Barros.
Além dos sintomas respiratórios, a baixa umidade do ar pode deixar os lábios e pele ressecada, olhos irritados e causar dor de cabeça. “A desidratação também é comum se não houver ingestão adequada de líquidos”, alerta Buainain.
Cansaço e baixa produtividade também podem ser comuns no tempo seco
O calor em excesso faz o corpo trabalhar mais para manter a temperatura interna equilibrada, conforme explica Buainain. Consequentemente, o corpo gasta mais energia, causando maior sensação de cansaço e reduzindo a capacidade de concentração e produtividade.
Calor extremo também pode causar a queda da pressão arterial. “Isso acontece devido a um fenômeno de vasodilatação, que faz a nossa pressão abaixar e leva à sensação de fadiga. Então, é muito importante em casos de calor extremo ficar em ambientes refrigerados, de preferência, com ar-condicionado, e caprichar na hidratação, além de utilizar umidificadores”, acrescenta Sara Mohrbacher, clínica médica e nefrologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Além disso, o ar seco e o calor podem atrapalhar o sono, o que leva ao maior cansaço durante o dia, já que não houve descanso o suficiente à noite. “O ar seco e o calor podem deixar o ambiente desconfortável, dificultando a respiração e provocando noites mal dormidas, afetando, assim, a qualidade do sono”, afirma a especialista.
Como evitar efeitos negativos do tempo seco?
Para evitar crises alérgicas e irritação na mucosa nasal, é importante usar soro fisiológico em forma de spray nasal durante o dia ou realizar lavagem nasal, pelo menos, à noite e pela manhã. Também é fundamental usar umidificadores de ar em ambientes internos, principalmente durante a noite, de acordo com Barros. “Isso pode ajudar a manter a umidade relativa do ar em níveis confortáveis”, afirma o especialista.
Outras medidas incluem:
- Beber bastante água ao longo do dia;
- Evitar exposição a substâncias irritantes, como fumaça de cigarro;
- No caso de quem mora próximo aos focos de queimadas, é importante permanecer dentro de casa, evitando exposição às fumaças, e, se possível, manter janelas e portas fechadas e usar ar-condicionado e purificador de ar;
- Evitar atividades físicas em horários de elevadas concentrações de poluentes (entre 12h e 16h);
- Hidratar a pele com cremes;
- Usar umidificadores de ar;
- Manter janelas abertas para ventilação (em locais não afetados pelas fumaças de queimadas).
Fonte: CNN Brasil