Entenda essas reações do organismo e conheça casas gastronômicas que oferecem alimentos isentos dessas substâncias
Glúten e lactose são duas palavras que se tornaram famosas. Pessoas que têm alergia ou intolerância a essas substâncias estão ganhando mais consciência do problema, e o mercado está atento a tais preocupações. Os consumidores contam com uma oferta crescente de produtos e casas gastronômicas que atendem a essas restrições. Exemplos em Brasília são a Belini Pães & Gastronomia e o Bhumi Cozinha Orgânica & Saudável, ambos localizados na 113 sul.
O nutricionista Daniel Novais explica que a intolerância à lactose acontece porque o organismo não produz, ou produz pouca, enzima lactase, responsável pela digestão da lactose, que é o açúcar do leite. “Em consequência, a lactose se acumula no intestino, onde atrairá água e será fermentada pelas bactérias. Isso pode levar a formação de gases, provocar diarreia, cólicas, distensão abdominal, entre outros desconfortos intestinais”, descreve.
Ele esclarece, ainda, que a alergia não ocorre em relação à lactose, um carboidrato, e sim às proteínas do leite. “Na alergia, o corpo produz anticorpos contra determinado antígeno, nesse caso o alérgeno seria a proteína do leite de vaca.” Os alérgicos podem apresentar sintomas como inchaço, dificuldade de respirar e formação de manchas avermelhadas. Nas pessoas que tem alergia ao glúten, condição chamada de doença celíaca, os anticorpos impedem o intestino de absorver essa e outras proteínas, além de carboidratos, vitaminas, ferro e cálcio. Os nutrientes são eliminados pelas fezes e a pessoa fica com deficiências nutricionais graves.
Hoje em dia, ter alguma dessas limitações não significa se submeter a uma alimentação sem graça ou sabor. No restaurante Bhumi Cozinha Orgânica e Saudável 80% dos pratos oferecidos são voltados para quem tem restrição à lactose ou ao glúten. Lá, é possível encontrar deliciosas opções de bebidas que utilizam o leite de amêndoas, ao invés do animal. Algumas delas são o frappé gelado 0% lactose (leite de amêndoas, poupa de coco ou banana e ameixa – R$ 9,90), ou simplesmente o leite de amêndoas puro (R$ 7,90). Há também o cappuccino 0% lactose (P- R$10,50/ G- R$ 12,90) e o chocolate quente 0% lactose (P- R$ 9,90/ G- R$ 11,90).
O almoço conta com uma grande variedade. Algumas indicações da casa são o Sushi Veggie (Nori com queijo de caju, semente de girassol, legumes em tirinhas, acompanha pepino marinado, mix de folhas orgânicas e molho shoyu – 8 unidades – R$ 21,90 – orgânico, vegano, vegetariano, sem glúten e sem lactose); o Ritto de grãos (Arroz integral orgânico, arroz vermelho, feijão azuki, lentilha, mix de sementes de linhaça, girassol e abóbora, tomate cereja e hortelã fresca. Acompanha tomate recheado com brócolis em cama de molho pesto – R$ 29,90- vegetariano, orgânico e sem glúten); Nhoque de abóbora vegano e orgânico (Composto de abóbora japonesa e talinhos de brócolis, regado com suculento molho rústico de tomates frescos e folhas de manjericão – R$ 29,50 – orgânico e vegetariano); e o Ravióli de Abóbora vegano e orgânico (Recheado com abóbora, semente de girassol, nozes, cebola, alho poro, finalizado com molho de tomates frescos – R$ 28,00 – orgânico e vegetariano).
Para lanchar, o lugar perfeito é a Belini Pães & Gastronomia. Lá é possível encomendar bolo caseiro sem glúten e sem lactose de milho (R$ 31,90/kg) e de chocolate (R$ 44/kg); bolo sem glúten de laranja com amêndoas (R$ 54,06/kg); pão sem glúten e sem lactose (R$ 45,50/kg); e pães especiais sem lactose, nos sabores: cebola (R$ 37,30/kg) e cerveja (R$ 25,90/kg), entre outros produtos.
Antes de aderir a modismos e sair cortando vários ingredientes da dieta, é importante consultar um especialista para obter uma avaliação precisa. “Às vezes, o indivíduo toma um leite de caixinha, passa mal e acredita que está intolerante. Mas pense o quanto de química possui esse leite; um produto perecível, mas que chega a ficar no mercado por até três anos. Então, pode ser que o problema seja com a química do alimento e não com a lactose”, avalia Daniel.
Já para quem recebeu o diagnóstico, não é recomendável insistir no contato com os agentes que fazem mal ao organismo da pessoa. “O consumo de lactose por pessoas intolerantes pode levar a um aumento de bactérias patogênicas na microbiota intestinal, enfraquecer o sistema imunológico, causar acne, resistência à insulina e aumento na síntese de gordura”, pontua o especialista.
Ele destaca, no entanto, que existe uma questão mais ampla do a intolerância e que merece atenção. “Sempre ressalto para os nossos pacientes que a lactose é o de menos, afinal já há no mercado a lactase sintética, que o paciente pode ingerir antes de consumir o alimento com lactose”, afirma. A preocupação maior do nutricionista está no consumo de glúten e lactose (que têm naturalmente um potencial inflamatório) associados a uma alimentação e estilo de vida desequilibrados.
“A questão crucial é a reação inflamatória na mucosa intestinal ocasionada pelo glúten e proteínas do leite. A grande maioria dos pacientes, em decorrência dos hábitos de vida errôneos, apresenta uma condição denominada disbiose intestinal. Nela, ocorre uma alteração na flora bacteriana do intestino, que ocasiona alteração na absorção de nutrientes e na produção de determinadas vitaminas e exacerba um processo inflamatório prévio”, alerta.
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