Além de anteceder o verão, período entre maio e agosto é mais buscado para cirurgias plásticas por conta da queda na temperatura e férias escolares
O verão é o período mais esperado pelos brasileiros e, por isso, a maioria das pessoas já começa a se programar, desde já, para a estação mais quente do ano. Dentre as coisas almejadas para a temporada de férias, está o corpo perfeito, ou, pelo menos, um que chegue próximo às medidas tão sonhadas. Muitas pessoas correm para a academia para perder aquela gordurinha que insiste em aparecer, mas um outro grupo opta pelas intervenções cirúrgicas, que aumentam significativamente nessa época do ano.
Com a chegada do outono, o número de pessoas que buscam um procedimento cirúrgico estético aumenta 35%, graças ao clima e às férias escolares, que propiciam uma melhor qualidade na recuperação. O cirurgião plástico Sérgio Feijó, integrante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, explica que o pós-operatório é mais confortável nessa época.
“No inverno, incha-se menos. Além disso, as roupas colantes e malhas geralmente são muito quentes. Como, dependendo da cirurgia, a paciente tem que passar até 60 dias usando a malha 24 horas por dia, o tempo frio diminui o desconforto”, explica.
Os meses que antecedem as altas temperaturas também são suficientes para que os pacientes possam se recuperar a tempo do verão e evitam os efeitos potencialmente nocivos do sol, já que a exposição a ele é naturalmente menor. Grande parte das cirurgias exige, em média, seis meses de repouso e cuidados. Na maioria dos casos, o paciente já está apto a voltar para sua rotina normal em 30 dias, porém, para entrar na água do mar ou expor a cicatriz ao sol, é preciso no mínimo três meses.
Outro fator para o aumento na procura por plásticas é o período de férias escolares. Essa época é ideal para cirurgias como a otoplastia, procedimento comum em crianças e jovens, que corrige a orelha de abano. As férias podem ser ainda uma saída para driblar os comentários. Ao se ausentarem por um tempo, os pacientes conseguem esconder o período de inchaço e marcas e quando voltam à sua rotina, conseguem passar despercebidos.
Questionado sobre as indicações feitas pelos cirurgiões, Feijó defende que não há uma movimentação proposital do segmento para o aumento de cirurgias nessa época. “A internet está aí e as pessoas pesquisam. Muitos sites, fóruns e blogs acabam dando esse conselho. Eu divulgo isso para o paciente que pergunta para mim, mas eu não uso isso como manobra para trazer pacientes nessa época do ano”.
Michely Ribeiro, 37 anos, acaba de se submeter a três procedimentos cirúrgicos: otoplastia (orelha), blefaroplastia (pálpebra) e mamoplastia de aumento. Antes de operar, ela fez uma extensa pesquisa e viu que o melhor período para as intervenções seria de maio a agosto. “Eu optei por fazer agora por causa da cicatrização e do conforto. Não podia ter escolhido data melhor, a recuperação está super tranquila e não senti dor nenhuma”, conta a administradora, que agora se prepara para uma lipoaspiração.
Defensora das cirurgias plásticas, Michely acredita que existem mudanças que são alcançadas por meios tradicionais, como as atividades físicas, mas algumas só são possíveis com o bisturi. “Têm situações que você não consegue consertar na academia. As mudanças que eu queria fazer só seriam possíveis no centro cirúrgico. A academia fortalece os músculos, mas, se você quer perder um culote, você vai ter que queimar toda a gordura do seu corpo para, por último, queimar o culote. Então, é melhor você se submeter a lipoaspiração, do que você ficar parecendo um esqueleto com a bunda dura”, brinca.
ESCOLHA DO PROFISSIONAL
Quando o paciente decide se submeter a um procedimento cirúrgico, muitas coisas devem ser levadas em consideração. Para Sérgio Feijó, as decisões não devem ser tomadas apenas pela boa relação com o médico, é preciso pesquisar sobre seu trabalho. “Resultado é cartão de visita, mas cada profissional médico tem sua personalidade. Você pode gostar de um resultado, mas não ter uma empatia por aquele cirurgião.”, explica.
Para ele, o paciente deve ter dois ou três profissionais recomendados e consultar se eles estão habilitados na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. A consulta pode ser feita no site da organização (www.cirurgiaplastica.org.br).
“Diante dos nomes, tendo a certeza de que eles são habilitados, agende uma consulta para conhecer o trabalho de cada um. Veja qual te deu as explicações melhores e escolha”, sugere. Ele aconselha também não ver fotos de outros pacientes na primeira consulta. “Fotos são maquiadas, são alteradas e há sites que disponibilizam essas imagens. Tem profissional que vai lá, pega dez cirurgias lindas e põe no book dele. O paciente tem que ter confiança na explicação do profissional”, defende.