Seja em milhas, cashback ou descontos em combustível e supermercado, as recompensas dos cartões podem valer a pena, a depender do perfil do cliente
O Brasil tem mais de 130 milhões de cartões de crédito ativos. Apesar de ser a modalidade mais cara do mercado (os juros podem chegar à casa dos dois dígitos ao mês se a fatura não for paga em dia), utilizar esse tipo de cartão no dia a dia pode trazer muitas vantagens, além da comodidade, como recompensas que vão de cashback na fatura a passagens aéreas. Basta escolher o cartão certo.
Qual é o melhor cartão de crédito?
Mas qual é o melhor cartão de crédito? Em resumo, é aquele que faz mais sentido para você de acordo com o seu momento de vida, sua renda e os seus gastos. Para te ajudar, preparamos esse passo a passo com dicas valiosas para tirar o maior proveito possível dessa forma de pagamento.
1. Entenda o seu momento financeiro
Usar o cartão de crédito para poder comprar mais e ainda ganhar passagens aéreas é uma proposta bastante sedutora. Mas como você já deve ter ouvido por aí, “se você não souber usar, o cartão de crédito vira uma bola de neve” – afinal, ao comprar no crédito, você está gastando um dinheiro que ainda nem chegou à sua conta.
Para que isso não aconteça, antes de sair passando tudo no crédito, é interessante ter uma reserva equivalente ao valor médio que você pretende pagar por fatura, justamente para honrá-la caso você não consiga pagar até o vencimento. Se você atrasar uma ou outra fatura, ainda que por poucos dias, os juros não vão compensar os benefícios.
Além disso, é preciso entender para onde o seu dinheiro anda indo. Se você tem carro e gasta muito com combustível, seria interessante ter um cartão que oferecesse descontos em postos de gasolina. Se você gosta de viajar, aqueles que oferecem milhas em companhias aéreas fazem mais sentido. Seu maior gasto é com supermercado? Algumas redes, como o Pão de Açúcar, oferecem ótimos descontos para quem usa o cartão deles.
2. Crédito é confiança, confiança é relacionamento
O mercado considera como um bom cliente aqueles que têm um score de crédito acima de 700. Se você ainda não chegou lá, dificilmente vai conseguir um cartão com um limite bom o suficiente para garantir boas recompensas. E tudo bem.
Mesmo com um score mais baixo, é possível ser aprovado em cartões “de entrada”, que oferecem limites mais baixos, mas também anuidades mais em conta – às vezes, até de graça. Comece por esses cartões e pague a fatura sempre em dia. Com o tempo, o banco vai reconhecer a sua disciplina financeira te oferecendo limites mais altos e cartões mais vantajosos.
3. Não existe almoço grátis
Nem mesmo os clientes mais abastados, que gastam fortunas no cartão de crédito, conseguem recompensas inteiramente grátis. Os cartões que mais convertem gastos em milhas, por exemplo, também são aqueles com anuidades mais caras, entre R$ 2 mil e R$ 4 mil reais ao ano, podendo chegar a até R$ 10 mil por ano.
O que vai definir se esse negócio vale a pena ou não são as recompensas: há quem consiga pagar, além dos R$10 mil de anuidade, faturas altíssimas que, ao final de um ano, rendem passagens em luxuosas classes executivas que, se compradas com dinheiro, podem custar até R$ 40 mil. No final das contas, R$10 mil de anuidade foi um bom negócio.
Mas calma! Cartões com anuidades menores, entre R$ 1 mil e R$ 2 mil (e que podem até sair de graça caso você receba seu salário no mesmo banco que emitiu o cartão) podem render pontos suficientes para que as recompensas, de fato, compensem o gasto com a anuidade.
Se você não pode arcar com anuidades mais caras ou com faturas tão altas (geralmente, acima de R$ 4 mil), prefira os cartões de crédito mais básicos. Com eles, você tem acesso a comodidade de pagar no crédito sem pagar a mais por isso, e ainda cultiva um bom histórico com o banco – o que, no futuro, vai te ajudar a ter um cartão melhor.
4. Simule, simule e simule de novo
Quem já é craque em tirar o máximo proveito dos cartões está sempre fazendo algumas contas para entender se os acúmulos, promoções e resgates valem a pena ou não. A conta é básica, mas a parte trabalhosa é justamente fazê-la a todo momento para ter certeza que se está fazendo um bom negócio.
Por exemplo: cartões que acumulam milhas direto nas companhias aéreas não participam das “transferências bonificadas”, que são promoções que podem até dobrar o seu número de pontos quando você os transfere do lugar onde os acumulou (como a Livelo e a Esfera) para as companhias aéreas. Para ter acesso a essas bonificações é preciso assinar os clubes dos programas de pontos – o que pode valer a pena para acelerar os seus acúmulos, afinal os pontos têm validade, e você não quer vê-los indo para o ralo.
Primeiro, é preciso simular o custo por milheiro acumulado, que é basicamente, quanto você vai gastar a mais para ganhar aqueles pontos. Nesse cálculo, entram a anuidade do cartão, eventuais assinaturas de clube de pontos, etc. Some esses gastos ao longo do ano e então os divida pela quantidade de pontos que você deve acumular, também ao longo do ano. Um milheiro (mil milhas) é barato quando custa R$20 ou menos.
Simule também quantos pontos são necessários para resgatar a recompensa que você deseja – e quanto ela custaria se fosse comprada com dinheiro. Uma passagem aérea de R$ 1 mil que pode ser comprada por 50 mil pontos vale a pena se, em média, o seu milheiro custou R$ 15. Nesse exemplo, a passagem comprada com pontos sai por R$ 750 – R$ 250 a menos do que você pagaria em dinheiro.
Mas se você gastou muito para acumular pontos e conseguiu cada milheiro a R$ 30, em média, essa passagem custou, em pontos, o equivalente a R$ 1,5 mil – R$ 500 mais caro do que se fosse comprada em dinheiro.
5. Aprenda com quem já sabe
Alguns sites da internet, como o Melhores Destinos e o Melhores Cartões, são especializados em acompanhar as melhores ofertas de cartões de crédito, de acúmulo de pontos e de resgates de recompensas. Acompanhá-los antes de escolher o seu cartão e enquanto você junta os seus pontos é uma ótima forma de aprender mais sobre esse universo e conseguir aproveitar ao máximo as vantagens dos cartões de crédito.
Fonte: Exame