Primeira loja abre em São Paulo para vender três modelos a partir de R$ 18.900
A novela foi dramática, mas teve final feliz: após vários adiamentos, a Royal Enfield finalmente fincou as rodas no Brasil. Com uma filial “para valer” da matriz indiana (e não por meio de importador independente), a marca inaugurou sua primeira loja — em São Paulo — e revelou seus planos para o país. Que, por enquanto, são cautelosos e discretos: não se fala de volumes de venda nem de datas para futuras concessionárias.
“Nesse primeiro momento queremos estabelecer a marca e aprender bastante sobre o mercado brasileiro. Fazer aqui como no resto do mundo: crescer com rentabilidade”, disse o presidente mundial da empresa, Rudratej Singh.
Se isso acontecer, não tardará para vermos novas lojas. A Royal Enfield é a marca de motos que mais cresce no mundo: de apenas 2 mil motos vendidas no ano 2000, pulou para 25 mil em 2005, 50 mil em 2010 e chegou 660 mil no ano passado. Para 2017, a previsão é de 900 mil, globalmente.
Aqui, as operações começam com a venda dos modelos Bullet, uma custom urbana de R$ 18.900, Classic, modelo retrô cujos preços variam de R$ 19.900 a R$ 22.900, e Continental GT, uma cafe racer de R$ 23 mil a R$ 24.500. As três usam usam o mesmo motor “big one” monocilíndrico, refrigerado ar e com injeção.
Na Bullet e na Classic, são 499 cm³, modestos 27 cv de potência girando baixinho (a 5.250 rpm) e o bom torque de 4,3 kgfm (a 4.000 rpm). Na GT, 535 cm³, 29 cv (a 5.100 rpm) e 4,5 kgfm na mesma rotação das outras. Todas têm partida elétrica, mas — raridade! — também há quique.
De mecânica simples, as motos da marca ganharam fama de extremamente robustas. Bullet, Classic e Continental GT têm câmbio tem cinco marchas, suspensões tradicionais (garfos dianteiros e bichoque traseiro com amortecedores a gás) e a maioria das peças em metal — nada de para-lamas ou laterais em plástico injetado. O estilo “trator” aparece, também, no painel, que tem apenas velocímetro e luzes-espia.
Essa simplicidade é parte do carisma das Royal Enfield. A marca aposta justamente no visual clássico das motos e, tal como fazem as americanas Indian e Harley-Davidson, em uma linha de acessórios.
A empresa tem pedigree: é a mais antiga fábrica de motos em atividade contínua no mundo. Começou fazendo peças de precisão (como componentes para armas) e, em 1893, já produzia bicicletas Royal Enfield.
A primeira moto foi feita em 1901 (mesmo ano em que a americana Indian foi fundada; já a Harley é de 1903). Falando em longevidade, a Bullet é a mais antiga moto em produção ininterrupta: a primeira versão é de 1932. Sua geração atual (digamos assim…) é de 1949!
Em 1955, a Royal se associou à Madras Motors — daí nasceu a Enfield Índia. Em 1971, a matriz britânica fechou mas, na Índia, a produção da Bullet continua firme até hoje. No início do século passado, motos da marca inglesa já rodavam pelo Brasil, trazidas por importadores.
Entre 2013 e 2014, a Royal Enfield Classic chegou a ser importada pelo grupo Amazonas Motos Especiais (AME, aquele mesmo que fazia a moto Amazonas, com motor VW 1.600, em priscas eras). Algumas vieram com o bonito side-car em forma de torpedo que a Royal produz. Mas o curioso carrinho lateral não está nos planos, pelo menos por enquanto. “Mas, se houver demanda, podemos avaliar sua importação também”, jura o gerente geral da marca no Brasil , Claudio Giusti.
A preocupação inicial é não dar furos nem deixar os compradores a pé, sem peças ou assistência. Os executivos da marca afirmam que já existe um armazém com um volume gigantesco de peças. Dizem ainda que, enquanto a rede não crescer, haverá “pontos de serviço”em algumas cidades para que os proprietários não fiquem reféns da capital paulista para fazer a manutenção. Quem oferece dois anos de garantia sem limite de quilometragem tem mesmo que pensar nessas coisas.
Créditos: Auto Esporte